Os preços da soja voltaram a subir em abril e na primeira quinzena de maio na Bolsa de Chicago, impulsionados pela valorização do óleo de soja e pela redução temporária das tarifas entre Estados Unidos e China. Enquanto o óleo teve alta expressiva de 12,5% em abril, a soja valorizou 2,1%, alcançando USD 10,28/bushel. Na primeira metade de maio, o grão seguiu em alta, avançando mais 1,5%, sustentado pela reaproximação comercial entre as duas maiores economias do mundo, com destaque para a redução das tarifas aplicadas à oleaginosa.
De acordo com informações divulgadas pela consultoria Itaú BBA, a valorização externa da soja não foi suficiente para sustentar os preços no mercado brasileiro ao longo de maio. Em Sorriso (MT), por exemplo, a cotação recuou 1% na primeira quinzena do mês, para R$ 109/saca. O movimento foi atribuído à queda nos prêmios de exportação e à valorização do real frente ao dólar, que passou de R$ 5,78 em abril para R$ 5,67 em maio. A consultoria também aponta que, entre março e abril, cerca de 23 milhões de toneladas foram comercializadas, elevando o percentual de vendas da safra 2024/25 para 57%, ainda abaixo da média de 5 anos, que é de 64%.
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O relatório de maio do USDA manteve as estimativas para a produção brasileira em 169 milhões de toneladas na safra 2024/25 e projetou um novo recorde de 175 milhões de toneladas para 2025/26. A perspectiva de aumento da oferta global e o crescimento da competitividade dos EUA no mercado asiático reforçam a pressão sobre os prêmios pagos no Brasil, especialmente no segundo semestre, quando os americanos entram com força nas exportações.
No mercado de derivados, o cenário é contrastante. O farelo de soja caminha para o quarto mês seguido de queda nos preços, com recuo de 1% na primeira quinzena de maio na CBOT. Já o óleo de soja segue valorizado, acumulando alta de 3% no mês, sustentado pelas expectativas de mudança na política de biocombustíveis dos EUA, que pode aumentar a demanda pelo produto.
No Brasil, os preços do farelo recuaram 1,9% em Rondonópolis, enquanto o óleo caiu 2% em Mato Grosso. O aumento do esmagamento nos três principais países produtores (Brasil, Argentina e EUA) gera maior oferta, pressionando as cotações. O país processou 27,3 milhões de toneladas na janela outono-março, 1 milhão a mais que no ano anterior, enquanto a Argentina cresceu 7,5 milhões e os EUA, 1 milhão.
A evolução da gripe aviária no Brasil também pode impactar negativamente o consumo interno de farelo. Caso a suspensão das exportações de aves ultrapasse 30 dias, pode haver redução no alojamento e, consequentemente, menor demanda por ração. Já nos Estados Unidos, a possível extensão do crédito fiscal para biocombustíveis (45Z) fortalece as cotações do óleo de soja, ao exigir maior consumo de matéria-prima doméstica.