O Brasil segue excessivamente dependente da exportação de commodities e distante das cadeias globais de maior valor agregado, alerta o economista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Gala. O tema será debatido no 9º Fórum de Manufatura, que reunirá especialistas e empresários para discutir caminhos para retomar o desenvolvimento sustentável.
“O problema surge quando a possibilidade de ganhar dinheiro num país significa permanecer eternamente extraindo commodities ‘da terra’. Nesse caso, não surgirão as externalidades responsáveis pelo desenvolvimento”, comenta.
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Após um ciclo de crescimento impulsionado pelo consumo e pelo boom das commodities, a indústria nacional não avançou em tecnologia nem sofisticação. Segundo o economista, esse cenário provocou queda na produtividade total e agravou o processo de reprimarização. Ele lembra que, em 2014, apenas cinco produtos — ferro, soja, açúcar, petróleo e carnes — responderam por quase metade das exportações brasileiras, evidenciando a concentração em bens primários.
Gala defende que o país adote uma estratégia coordenada entre Estado, universidades e empresas, com investimentos em pessoas, tecnologia, pesquisa e formação técnica. Para ele, o aprendizado produtivo exige um ecossistema que promova inovação e produção de bens de maior complexidade, tal como fizeram países asiáticos ao priorizar políticas industriais estratégicas.
“A economia brasileira perdeu, em grande escala, complexidade produtiva. A produtividade total da economia caiu, em um movimento que continuará até que as manufaturas domésticas se recuperem. O quadro para o futuro é alarmante” .