A importância econômica do agronegócio brasileiro se reflete não apenas nos volumes produzidos e exportados, mas também no impacto sobre o mercado de trabalho. Análise assinada por Décio Luiz Gazzoni, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, aponta que o setor foi um dos poucos a apresentar desempenho positivo em um período marcado pelo fraco crescimento da economia nacional.
“Por qualquer ângulo que se examine, destaca-se a solidez econômica do agronegócio brasileiro, seja em volume e valor da produção ou no superávit das exportações. Mas existe um índice econômico de enorme impacto social, representado pelo mercado de trabalho do agronegócio”, comenta.
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Entre 2014 e 2023, o Produto Interno Bruto do Brasil avançou, em média, apenas 0,4% ao ano, enquanto a produção agrícola manteve forte expansão. Nesse intervalo, a produção de grãos praticamente dobrou, passando de 166 milhões de toneladas em 2012 para 322 milhões em 2022, ajudando a sustentar a atividade econômica em meio às dificuldades enfrentadas pelo país.
Apesar desse desempenho, o número total de pessoas ocupadas no agronegócio diminuiu. Estudo do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV mostra que o total de trabalhadores caiu de 14,34 milhões em 2016 para 13,78 milhões em 2023. A redução concentrou-se nas atividades dentro da porteira, especialmente na agricultura e na pecuária, enquanto a agroindústria de transformação registrou aumento de vagas.
O levantamento indica que a perda ocorreu sobretudo entre os postos informais. No mesmo período, houve crescimento do emprego formal na agropecuária e na agroindústria, além de aumento real da remuneração média, que superou a evolução observada no conjunto da economia brasileira.
“Congruentemente, a remuneração média dos postos de trabalho no agronegócio aumentou, inclusive acima dos valores da economia brasileira. Entre 2016 e 2023, a remuneração média dos trabalhadores do agro cresceu 12,6% (em valores deflacionados), incrementando de R$ 1.793,69 para R$ 2.018,99. Para efeito de comparação, no mesmo período, a remuneração média no Brasil cresceu 4,3% (R$ 2.719,44 x R$ 2.836,40)”, conclui.



















