Segunda-feira, 01 de Dezembro de 2025
icon-weather
DÓLAR R$ 4,08 |

01 de Dezembro de2025


Área Restrita

Justiça Segunda-feira, 01 de Dezembro de 2025, 16:58 - A | A

Segunda-feira, 01 de Dezembro de 2025, 16h:58 - A | A

DESENHOS QUE FALAM

O que fazer quando crianças e adolescentes se manifestam sobre violência por meio da arte

Especialistas explicam como interpretar desenhos, escritos e comportamentos de crianças e adolescentes

Conteúdo Hipernotícias

A infância e a adolescência são momentos da vida marcados por descobertas, físicas e emocionais. Muitas vezes, as crianças e adolescentes têm muita dificuldade em se expressar verbalmente quando algo lhes causa incomodo, motivo pela qual elas, geralmente, decidem se expressar de outras formas, como por exemplo, por meio de desenhos, escritos ou ações. Mas, o que fazer quando os pais, responsáveis ou professores percebem um sinal de alerta nessas formas não verbais de comunicação?

Como explica a psicóloga e gerente de assessoramento de atendimento da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT), Évila Aquino, o momento deve ser marcado por acolhimento e não por uma atitude inquisitiva dos adultos. Ou seja, ao invés de pressionar a criança para que ela diga as razões que a levaram a fazer um desenho violento, o ideal é procurar conversar de forma acolhedora.

“Quando um professor ou familiar percebe, por meio dos desenhos ou escritos, sinais de que a criança ou adolescente pode ter passado ou testemunhado cenas de violência, é fundamental agir com cuidado e responsabilidade. O primeiro passo é procurar conversar de forma acolhedora, sem pressionar ou julgar, para entender se ela deseja falar sobre o que desenhou ou escreveu. É importante também observar outros sinais no comportamento desses indivíduos, como mudanças bruscas de humor, isolamento, queda no rendimento escolar ou medo excessivo. O segundo passo é comunicar imediatamente a situação para a direção da escola ou para o responsável legal, relatando o que foi observado de forma objetiva, sem interpretações ou julgamentos”, afirma Évila Aquino.

Muito além de conversar e acolher, a psicóloga afirma que é importante também acionar a rede de proteção de forma imediata caso haja sinais evidentes de violência, tanto física quanto psicológica.

“Os responsáveis devem ser orientados a buscar avaliação profissional com um psicólogo ou serviço especializado, pois apenas um profissional pode investigar e confirmar situações de violência. Se houver suspeita de risco iminente à integridade da criança ou do adolescente, é necessário acionar o Conselho Tutelar ou órgãos de proteção da infância e juventude. O papel do professor ou familiar é de proteção e encaminhamento, nunca de investigação ou julgamento. O cuidado e a escuta são fundamentais para garantir o bem-estar da criança”, diz a psicóloga.

Portanto, é bom ficar atento aos telefones da rede de proteção: o Disque 100 é um serviço de utilidade pública do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania que recebe denúncias de violações de direitos humanos, como abuso contra crianças, idosos, pessoas com deficiência e outros grupos vulneráveis. O atendimento funciona 24 horas de forma gratuita e anônima; já o Disque 180 é a Central de Atendimento à Mulher, que também atende situações de violência contra crianças em casos de emergência; e o 190 é o número para falar diretamente com a Polícia Militar em casos em que as crianças ou adolescentes correm risco imediato.

Exposição Desenhos que Falam – Até o dia 18 de dezembro, no setor de acolhimento dos Núcleos Cíveis da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT), em Cuiabá, fica aberto ao público a exposição “Desenhos que Falam: percepções sobre a violência doméstica”, que reúne ilustrações produzidas por crianças e adolescentes do 5º ao 9º ano de escolas estaduais da capital. Realizado por meio do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem), a exposição tem como objetivo refletir sobre o papel da educação na luta contra a violência doméstica.

A ideia para a exposição surgiu durante o mês de agosto deste ano, quando as defensoras públicas Rosana Leite e Zanah Figueiredo Carrijo visitaram algumas escolas de Cuiabá para conversar com as alunas e alunos sobre o combate à violência doméstica e familiar. Naquele mês, algumas unidades de ensino da rede estadual realizaram atividades em alusão à campanha nacional “Agosto Lilás”, que visa o enfrentamento a este tipo de violência.

Após ter contato com os desenhos feitos pelos alunos, as defensoras decidiram realizar a exposição dos trabalhos com o objetivo de buscar a reflexão acerca da necessidade de discutir a violência contra as mulheres dentro e fora das escolas.

“É muito importante trazer esses trabalhos para a Defensoria Pública e para as pessoas que por aqui transitam. São tantas pessoas que passam pela Defensoria diariamente e eu penso que esse será um espaço de reflexão para que todos que passarem por aqui percebam os males que a violência contra a mulher, que a violência de gênero, traz para as crianças e para os adolescentes. Como diz o nome da exposição, esses desenhos falam, eles se comunicam conosco. Quando eu me deparei com esses desenhos, eu vi que a sociedade precisa refletir muito mais. A lei Maria da Penha completou 19 anos no último dia 7 de agosto, mas esse enfrentamento não tem hora para parar. Nós precisamos enfrentar a violência contra as mulheres todos os dias, a todo momento e nada melhor que fazer uma exposição aqui na Defensoria”, afirma Rosana Leite.

✅ Clique aqui para seguir o canal do CliqueF5 no WhatsApp

✅ Clique aqui para entrar no grupo de whatsapp 

Comente esta notícia

Rua Rondonópolis - Centro - 91 - Primavera do Leste - MT

(66) 3498-1615

[email protected]