O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, autorizou a destinação de um conjunto de oito kitnets confiscados do tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, vinculados à facção criminosa Comando Vermelho, para o Município de Água Boa (a 749 km de Cuiabá). Os imóveis serão utilizados para a implantação do "Projeto Vila Lilás", um centro de acolhimento e proteção a mulheres em situação de violência doméstica.
A decisão, publicada nesta segunda-feira (2) atende a um pedido do próprio município, que buscou a habilitação no processo de alienação antecipada dos bens para uso temporário. O pleito foi respaldado pelo Ministério Público, que destacou o incontestável interesse público do projeto.
O "Projeto Vila Lilás" consiste em um serviço de acolhimento temporário que visa restaurar a dignidade de mulheres residentes em Água Boa que possuem medidas protetivas. O programa oferecerá um rol diversificado de serviços e especialidades, incluindo o acolhimento e moradia temporária.
O juiz ressaltou que o acautelamento dos imóveis para o projeto concretizará múltiplos benefícios: "o uso dos bens ensejará a sua conservação, evitando que se deteriorem; com a presença da Prefeitura no local, evita-se que este seja tomado pela criminalidade e novamente utilizado pela organização criminosa; e a propriedade passará a cumprir a sua função social constitucional".
Origem ilícita
O conjunto de kitnets pertencia ao réu Adriano Ferreira da Silva, o “Zaki”, cujo perdimento foi decretado por sua comprovada origem ilícita e vínculo com a lavagem de dinheiro da facção criminosa.
Ele seria o líder do Comando Vermelho no município De acordo com o processo, ele exerceria a função de “contador” de dinheiro, transportador de droga, aplicador de salve e controle de biqueiras na região.
Adriano é sobrinho da dupla Gilmar Rocha Cruz, o “Taurus” e Aparecida Ferreira da Silva, e esses por sua vez, seriam os líderes hierarquicamente, e atuavam nas cidades de Canarana, Juscimeira e Água Boa.