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Tóquio ameaça reagir com força militar

Tensão entre Japão e China envolve ameaças de resposta militar

Após a declaração da premiê do Japão, as tensões entre Japão e China aumentaram ao longo da última semana

Administração

 
Metrópoles
Foto-Folha de Curitiba

 

 

Entre reuniões marcadas para as 3h da madrugada e uma ligação ideológica direta com o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em 2022, a recém-eleita primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, se tornou o centro das atenções nas últimas semanas ao declarar que Tóquio reagirá militarmente caso a China avance sobre Taiwan, ocasionando uma longa discussão diplomática entre ambos os países. 

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Após a declaração de Takaichi, as tensões entre Japão e China aumentaram ao longo da última semana. Durante uma sessão no Parlamento japonês, a premiê foi questionada sobre ameaças à segurança do país. Ela afirmou que um bloqueio naval chinês a Taiwan, caso envolva ações militares, poderia representar um risco à sobrevivência do Japão, que teria de usar a força para se defender.

O governo chinês não reagiu bem aos comentários de Takaichi. O Ministério das Relações Exteriores da China exigiu que ela retirasse as declarações sobre Taiwan.

China x Japão

  • O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou em coletiva de imprensa que o Japão deve corrigir e se retratar imediatamente em relação ao comentário da primeira-ministra.
  • Segundo Lin Jian, “se o Japão ousar recorrer à força e intervir no Estreito de Taiwan, isso constituiria um ato de agressão. A China enfrentará isso com contramedidas resolutas. Nós advertimos severamente o Japão que deve refletir profundamente sobre suas negações históricas de crimes de agressão”.
  • Ele acrescentou que o Japão deve “cessar imediatamente a interferência nos assuntos internos da China e parar suas ações e palavras provocativas e transgressivas”.
  • No último sábado (15/11), o Ministério da Defesa do Japão informou ter enviado caças da Força Aérea de Autodefesa do Sudoeste no sábado (15/11), após identificar um drone chinês entre a ilha de Yonaguni, no sul do país, e Taiwan.

Em meio à escalada de tensões, a China decidiu reagir na prática às declarações: o governo anunciou que suspenderá, de forma efetiva, as importações de frutos do mar japoneses.

Taiwan, por sua vez, respondeu à medida imposta pela China. O presidente taiwanês, Lai Ching-te, publicou, na quinta-feira (20/11), uma foto de um prato de sushi nas redes sociais, em solidariedade ao Japão. A postagem ocorreu um dia após a China anunciar que suspenderá a importação. 

A China considera Taiwan parte de seu território e afirma que a ilha não possui independência.

Maurício Santoro, cientista político e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, afirmou ao Metrópoles que as declarações de Takaichi fazem sentido para explicar por que a China “respondeu de maneira tão agressiva”.

“O estopim imediato foram as declarações da nova primeira-ministra japonesa de que, em caso de guerra em Taiwan, o Japão iria ajudar militarmente Taiwan […] Mas a gente tem razões mais profundas e estruturais dos últimos 15 ou 20 anos, que basicamente envolvem ascensão econômica e militar da China”, pontuou Santoro. 

De acordo com o especialista, a ascensão “tornou a China muito mais assertiva nas suas reivindicações territoriais na Ásia Pacífica”, tanto no controle de Taiwan quanto em relação aos limites marítimos no Mar do Sul da China.

“Tudo isso tem colocado o governo chinês em conflito com os vários governos da região —com o Japão, com as Filipinas, com Taiwan e também com os Estados Unidos — por conta de uma série de interesses econômicos e políticos que os americanos têm”, afirmou o cientista.

“Escalada é real”

Ainda segundo Santoro, a escalada entre China e Japão “é real” e vem ocorrendo nos últimos anos. Ele acrescenta que, de um lado, há uma China mais poderosa, reivindicando territórios; e, do lado japonês, um retorno ao centro da agenda política, com a retomada das preocupações militares e o debate sobre o Japão voltar a ser uma grande potência militar. 

“É muito importante, nesse processo, o governo do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, que foi o principal líder político japonês nos últimos 20 anos. A nova primeira-ministra, Sanae Takashi, é uma discípula do Shinzo Abe; ele foi o grande mentor na carreira política dela”, explicou Santoro.

Ele afirmou que faria sentido o Japão responder militarmente à China, especialmente se os Estados Unidos também apoiassem Taiwan em um eventual conflito.

“A gente pode fazer uma comparação com a situação na Europa. Então, quem são os principais defensores hoje da Ucrânia na guerra contra a Rússia? São países que são geograficamente próximos”, explicou o cientista.

Segundo Santoro, caso haja uma guerra e a China ocupe Taiwan, isso colocaria o Japão em uma posição muito mais “frágil e ameaçada”. Por isso, seria de interesse dos japoneses que Taiwan permaneça sob um governo autônomo e mantenha sua liberdade.

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