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Mudanças climáticas

O que explica ciclones e tornados cada vez mais severos no Brasil

Meteorologistas explicam que as mudanças climáticas têm relação direta com os ciclones extratropicais cada vez mais intensos no país

Administração

 

Metrópoles
Foto-Rádio Rural
 

Os eventos climáticos severos marcaram as últimas semanas, no Brasil. A formação de um ciclone extratropical gerou fortes temporais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de São Paulo, onde mais de 1,3 milhão de pessoas ficaram sem energia elétrica e centenas de voos foram cancelados no Aeroporto de Congonhas, devido ao mau tempo. 

Em Flores da Cunha (RS), a 145 quilômetros de Porto Alegre, foi confirmada a passagem de um tornado que destruiu a região, na última terça-feira (9/12), com ventos de mais de 100 km/h. Há um mês, o mesmo havia ocorrido em Rio Bonito do Iguaçu (PR), cidade que teve 90% das moradias, estabelecimentos e prédios urbanos destruídos por um tornado com ventos que chegaram a mais de 250 km/h. Sete pessoas morreram e mais de 130 ficaram feridas.

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A maior presença desses fenômenos climáticos faz o brasileiro se questionar: ciclones e tornados estão mais severos no país ou é só impressão? Ao Metrópoles, meteorologistas destrincharam o tema. Em relação aos ciclones extratropicais, a explicação é simples: o fenômeno não está ficando mais frequente, mas, sim, mais intenso.

 
 
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Tornado registrado pela Nasa
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SC será atingida por 2 ciclones com ventos de 100 km/h nesta semana

Os ciclones “fracos” são muito mais comuns do que se imagina, fazendo parte da rotina climática sem causar alarde. Toda frente fria está conectada a um ciclone extratropical. Como a grande maioria desses sistemas se forma e permanece em alto-mar, os efeitos no continente acabam sendo brandos, resultando apenas em chuvas ou queda de temperatura.

O meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, explica, no entanto, que o registro de ciclones intensos em dezembro, no Brasil, é algo raro. Para ele, o fenômeno tem sido cada vez mais frequente e severo, apesar de a meteorologia não possuir uma série histórica de dados confiável. 

A explicação para esse fato, segundo ele, é física e está diretamente ligada às mudanças climáticas. Os ciclones mais intensos precisam de um maior volume de umidade. Seluchi detalha que essa quantidade maior de umidade está cada vez mais garantida, com a maior temperatura dos oceanos e da atmosfera.

“Você tem uma fonte adicional que são os oceanos mais quentes e uma atmosfera que consegue guardar essa umidade. Então, essa é a receita. É um dos parâmetros. Não é que só com isso você vai ter ciclones mais intensos, mas é um dos requisitos para se ter ciclones mais intensos”, explica ele.
 
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Rio Bonito do Iguaçu
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Trabalho de limpeza e remoção de entulhos em Rio Bonito do Iguaçu conta com mais de 30 maquinários e deve durar até três dias
Trabalho de limpeza e remoção de entulhos em Rio Bonito do Iguaçu conta com mais de 30 maquinários e deve durar até três dias
Trabalho de limpeza e remoção de entulhos em Rio Bonito do Iguaçu conta com mais de 30 maquinários e deve durar até três dias

O meteorologista Antonio Marengo, também do Cemaden, reforça a relação entre os fenômenos mais intensos e as mudanças climáticas. Para ele, raro não são os ciclones, mas sim a intensidade. Algo que chama a atenção nos ciclones, no Sul do Brasil, são os ventos que chegam à casa dos 100 km/h.

“Os ventos fortes são característicos dos ciclones. Se os ciclones ficam mais intensos, intensifica a queda de pressão, ou seja, o ciclone no centro é de baixa pressão. Então, o que acontece no ciclone é que fica mais intenso, a queda de pressão é maior e isso potencializa o impacto do ciclone. Os ventos são mais fortes e as chuvas associadas também”, aponta.

Três tipos de ciclones

  • Extratropicais: são os mais comuns no Brasil; formam-se em latitudes médias, entre 30° e 60°, associados a frentes frias e têm núcleo frio.
  • Tropicais: mais intensos e devastadores, conhecidos como furacões ou tufões em outras regiões, formam-se sobre oceanos quentes perto do Equador e têm núcleo quente.
  • Subtropicais: um híbrido dos dois anteriores, comuns no litoral do Sudeste do Brasil.

Tornado

Segundo o Cemaden, em comparação com os ciclones, os tornados têm escalas muito menores, porém com poder destrutivo extremo e altamente concentrado. A principal diferença entre um tornado e um ciclone é o tamanho. Um ciclone é um sistema meteorológico em larga escala, enquanto um tornado é um fenômeno localizado e de curta duração.

Sobre a frequência e intensidade dos tornados, Marcelo Seluchi salienta que a análise é mais complexa.

“Não se tem dados antigos confiáveis. Não temos uma série histórica longa para dizer agora se estão mais ou menos frequentes. E tem outro aspecto: os tornados duram pouco tempo, poucos minutos e são de pequena escala. No passado deve ter tido muitos casos que não foram registrados. Hoje é muito fácil você com o celular filmar, tirar fotos e ver a nuvem funil, por exemplo”, esclarece. 

Os tornados se formam a partir de nuvens de tempestades específicas, chamadas supercélulas. Essas nuvens têm um notável desenvolvimento vertical, podendo ultrapassar 15 mil metros de altitude.

Dentro dessas tempestades, uma redução súbita na pressão faz com que o ar gire intensamente, formando uma coluna visível em forma de cone. Quando essa coluna de ar em rotação violenta desce da nuvem e toca o solo, ela é classificada como um tornado. Portanto, o tornado não é o sistema em si, mas um fenômeno específico que nasce de uma tempestade severa, durando minutos e afetando uma faixa estreita no solo.

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