RFI
Foto-Estadão
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Israel anunciou nesta segunda-feira (5) a expansão de sua ofensiva na Faixa de Gaza, prevendo a "conquista" do território palestino. O objetivo é "derrotar o movimento islâmico" e garantir o "retorno dos reféns" israelenses após mais de 19 meses de guerra. O país também poderá voltar a distribuir ajuda humanitária, "se necessário", na Faixa de Gaza, que está submetida a um bloqueio desde o dia 2 de março.
A decisão foi aprovada na noite deste domingo (4) pelo gabinete de segurança israelense e a meta é evitar que o Hamas assuma o controle do abastecimento. Durante a reunião, os membros do gabinete também ressaltaram que "atualmente havia comida suficiente em Gaza".
Atualmente, cerca de 4.000 caminhões de ajuda humanitária aguardam autorização para cruzar a fronteira e distribuir alimentos, medicamentos e outros suprimentos essenciais para a população, que vive uma situação catastrófica após mais de um ano e meio de guerra no território.
As condições de entrega não estão muito claras, mas o plano seria efetivado com a ajuda de uma fundação internacional. O objetivo é excluir o Hamas da cadeia de distribuição de alimentos. A medida não deve entrar em vigor imediatamente e foi contestada pela extrema-direita, incluindo o ministro Itamar Ben Gvir.
O gabinete de segurança também aprovou na noite de domingo a expansão da ofensiva israelense no enclave, que incluirá a "conquista da Faixa de Gaza" e a "promoção da saída voluntária dos habitantes" do território palestino, disse uma fonte oficial israelense nesta segunda-feira (5).
A proposta inclui várias fases e deverá ser aplicada em várias partes da Faixa de Gaza. A medida, entretanto, deve levar meses para ser colocada em prática e foi adotada por unanimidade, segundo o correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul.
Durante a reunião, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que "continuará a promover o plano de Trump para permitir a saída voluntária dos habitantes de Gaza". Segundo ele, as negociações em torno desse assunto continuam.
O projeto foi baseado em uma ideia de Donald Trump, que teve apoio de Netanyahu, divulgada em fevereiro. O presidente americano sugeriu tomar conta do território e transformar a Faixa de Gaza na "Riviera do Oriente Médio".
Reservistas se preparam para expansão da ofensiva
O recrutamento de dezenas de milhares de reservistas também foi ratificado. Alguns deles, ouvidos pela RFI, como o jovem Amira Souliem, estão prontos para a batalha. "Temos que nos defender. Nossos vizinhos não são pessoas pacíficas", diz.
Os jovens Dan e Ben, 30 anos, não têm a mesma opinião.
"Acho que todo mundo conhece em Israel pelo menos uma ou duas pessoas que morreram ou ficaram feridas na guerra. Não confiamos neste governo, mas tememos por nossa vida, então temos que confiar em alguns dos seus membros".
Para o Fórum de Famílias de Reféns, o novo plano do governo israelense "sacrifica" os israelenses detidos no enclave.
Segundo um comunicado divulgado pela associação, o plano merece o nome de "plano Smotrich-Netanyahu" porque "sacrifica reféns", em referência à influência do ministro das Finanças de extrema-direita, Bezalel Smotrich, no governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
"Esta manhã, o governo admite que está escolhendo o território em vez de reféns, contrariando a vontade de mais de 70% da população", acrescentou o texto.
Novos ataques
A Defesa Civil da Faixa de Gaza anunciou nesta segunda-feira a morte de 19 pessoas em vários ataques israelenses no norte do território palestino, segundo um porta-voz do serviço de resgate.
"Nossas equipes encontraram 15 mártires e 10 feridos, a maioria dos quais são crianças e mulheres, como resultado de um ataque israelense a três apartamentos a noroeste da Cidade de Gaza", disse o porta-voz Mahmoud Bassal.
Além disso, "quatro mártires e quatro feridos foram extraídos de uma casa na cidade de Beit Lahiya", no norte da Faixa de Gaza, acrescentou.
O Exército israelense retomou seus bombardeios e ofensivas na Faixa de Gaza em 18 de março, encerrando uma trégua de dois meses com o Hamas. A guerra foi desencadeada pelo ataque do movimento islâmico palestino no sul de Israel em 7 de outubro de 2023.
O ataque resultou na morte de 1.218 pessoas do lado israelense, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 58 ainda estão detidas em Gaza, incluindo 34 que foram declaradas mortas pelo exército israelense. O Hamas também está mantendo os restos mortais de um soldado israelense morto em uma guerra anterior em Gaza, em 2014.
Com informações da AFP
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