Redação Terra
Foto-Estadão
Durante seu depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira, 30, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) temia o rumo que o país tomaria após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Tarcísio é testemunha do ex-chefe de Estado na ação penal que julga a trama golpista. A oitiva durou menos de dez minutos e o governador respondeu a perguntas da defesa de Bolsonaro, já que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o relator do processo, Alexandre de Moraes, abriram mão de questioná-lo.
Ele relatou que conversou com Bolsonaro entre novembro e dezembro de 2022, quando o visitou em algumas ocasiões em Brasília, mas negou que tivesse havido qualquer menção a golpe de Estado por parte do ex-presidente.
“Jamais, nunca (tive conversa com intenção de praticar ato de tentativa de golpe de Estado), assim como nunca tinha acontecido durante o meu período no ministério", afirmou Tarcísio.
Perguntas
Celso Vilardi, responsável pela defesa de Bolsonaro, questionou se ele teve conhecimento de algo que relacionasse o ex-presidente aos ator golpistas de 8 de Janeiro, na sede dos Três Poderes, em Brasília. “Não, nenhum. O presidente nem sequer estava no Brasil”, negou o governador.
O advogado ainda perguntou a respeito do teor das conversas entre os dois. Tarcísio respondeu que eles trocavam experiências e falavam sobre “muitas coisas”, além de que Bolsonaro teria confidenciado à ele que “temia que a coisa desandasse” no governo Lula.
O governador de São Paulo saiu em defesa de Bolsonaro e apontou que a gestão passada enfrentou “cinco grandes crises”, entre elas, a tragédia em Brumadinho (MG), a pandemia de covid-19, a crise hídrica de 2021, e a guerra na Ucrânia.
‘Presidente respeitou o resultado da eleição’
Em outras ocasiões, Tarcísio manteve sua postura de defender o ex-presidente, um exemplo disso foi em novembro do ano passado, quando Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito sobre a tentativa de Golpe de Estado.
“Há uma narrativa disseminada contra o presidente Jair Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia”, escreveu em seu perfil no X na época.
Já em fevereiro, na mesma rede, ele disse que seu padrinho político “jamais compactuou” com qualquer tentativa de golpe. Na ocasião, o ex-mandatário havia sido denunciado como líder de um plano golpista pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Jair Bolsonaro é a principal liderança política do Brasil. Este é um fato. Jair Bolsonaro jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do estado democrático de direito. Este é outro fato. Estamos juntos, presidente”, publicou.
No mês seguinte, quando o STF recebeu a denúncia da PGR, tornando Bolsonaro réu, o governador de São Paulo voltou a dizer que seu aliado é a principal liderança política do país.
“Sabemos que esse não é o primeiro e não será o último desafio a ser enfrentado, mas sabemos também que a verdade prevalecerá e sua inocência será comprovada. Estou certo de que Bolsonaro conduzirá esse processo com a coragem que sempre motivou todos ao seu redor. Siga contando comigo e com os milhões de brasileiros que estão ao seu lado”, escreveu também no X.
Sessão breve
Toda a sessão durou menos de uma hora devido a desistências por parte das defesas de Bolsonaro e do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, na noite desta quinta-feira, 29. O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, do advogado Amauri Feres Saad e de Ricardo Peixoto Camarinha, que foi médico da Presidência da República na gestão de Bolsonaro, seriam ouvidos.
Nesta sexta, pouco antes dos depoimentos começarem, os advogados de Torres desistiram dos depoimentos do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e do deputado federal Sanderson (PL-RS), além do ex-ministro da Agricultura Marcos Montes, do juiz federal Sandro Vieira e de Saulo Bastos, que seriam ouvidos na segunda-feira, 2.
(**Com informações do Estadão)
Fonte: Redação Terra
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/tarcisio-diz-ao-stf-que-bolsonaro-temia-que-as-coisas-perdessem-rumo-no-governo-lula,4833c2489fecb121273ff599d81cd646sy7xh2ql.html?utm_source=clipboard