A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a perda de mandato da deputada federal Carla Zambelli, desencadeou uma imediata movimentação política no Congresso. Em cumprimento à ordem judicial, o suplente de Carla Zambelli, Coronel Tadeu (PL-SP), deverá assumir o cargo na Câmara dos Deputados dentro do prazo de 48 horas estabelecido pelo ministro.
A mudança ocorre em um momento delicado, marcado por tensão institucional, repercussões nacionais e um ambiente político que permanece polarizado. Ao assumir a vaga, o suplente de Carla Zambelli retorna ao Parlamento depois de atuar como deputado federal entre 2019 e 2022, período no qual consolidou sua imagem como defensor de pautas conservadoras e aliado fiel do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A nova ascensão de Coronel Tadeu reacende debates sobre representatividade, disputa interna no PL e as possíveis consequências da substituição para o bloco de oposição. A seguir, um panorama completo sobre a trajetória do militar, seu alinhamento político e os impactos esperados com o retorno ao Congresso.
O contexto da decisão do STF e a abertura da vaga
A decisão de Moraes encerra um processo turbulento envolvendo Zambelli, que se encontra presa na Itália após descumprir medidas judiciais impostas durante a execução de sua pena. A parlamentar havia sido condenada pelo STF por envolvimento na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e por ações consideradas atentatórias ao funcionamento das instituições brasileiras.
A fuga para a Europa, interpretada pela Corte como tentativa de frustrar a execução penal, levou à determinação da perda de mandato — ato que abriu espaço para o suplente de Carla Zambelli.
A Câmara tentou preservar a parlamentar em votação ocorrida horas antes da decisão do STF, mas a ordem judicial prevaleceu. Agora, a Casa Legislativa deve cumprir a determinação e dar posse a Coronel Tadeu.
Quem é o suplente de Carla Zambelli
O suplente de Carla Zambelli, Coronel Tadeu, tem 60 anos e construiu sua carreira inicialmente na Polícia Militar de São Paulo, onde desempenhou funções de comando que contribuíram para sua projeção pública. Sua atuação na corporação consolidou seu posicionamento conservador, posteriormente traduzido no discurso político que o levou à Câmara dos Deputados.
Eleito em 2018, Tadeu exerceu mandato até 2022, período no qual atuou como vice-líder do PL e se tornou uma das vozes mais firmes em defesa da agenda bolsonarista no Parlamento. Em diversas ocasiões, se posicionou com contundência em temas ligados à segurança pública, direitos humanos, atuação policial e políticas identitárias.
A primeira passagem pelo Congresso: embates, polêmicas e destaque interno
O período em que Coronel Tadeu ocupou o mandato foi marcado por intensa atuação nas discussões sobre segurança pública. Ele se tornaria nacionalmente conhecido após um episódio ocorrido em 2019, quando rasgou um cartaz em uma exposição sobre racismo montada nos corredores da Câmara. A imagem de autoria do cartunista Carlos Latuff mostrava um policial armado diante de um jovem negro algemado, com camisa da seleção brasileira.
O gesto gerou forte reação no Parlamento e nas redes sociais, resultando em debates sobre liberdade de expressão, racismo estrutural e o papel das forças de segurança. A ação também projetou o então deputado como um dos nomes mais combativos do campo conservador.
Ao longo do mandato, Coronel Tadeu se alinhou consistentemente ao discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro, apoiando pautas como flexibilização do porte de armas, endurecimento penal e defesa irrestrita das polícias.
Suplente de Carla Zambelli: perfil político e perspectivas no novo mandato
Com o retorno iminente à Câmara, o suplente de Carla Zambelli deve recompor o espaço conservador que a deputada ocupava, mantendo a mesma linha ideológica do grupo bolsonarista.
Especialistas avaliam que Tadeu tende a:
• reforçar o discurso de oposição ao governo Lula;
• apoiar a ala mais radical do PL;
• promover debates sobre segurança pública;
• atuar como voz ativa na defesa de policiais militares e civis;
• ocupar espaço político deixado por Zambelli, cuja ausência física e jurídica fragiliza o grupo.
Para analistas políticos, a chegada do suplente de Carla Zambelli representa, ao mesmo tempo, continuidade ideológica e reorganização interna, já que o militar possui estilo próprio e histórico de confrontos públicos.
Relação com Zambelli e com o PL
Embora não sejam aliados diretos de longa data, Coronel Tadeu e Carla Zambelli compartilham bandeiras centrais do bolsonarismo. Ambos defendem pautas de enfrentamento ao PT, se posicionam contra políticas identitárias e fazem críticas sistemáticas ao governo federal.
No PL, o retorno do suplente de Carla Zambelli é visto com naturalidade, já que o partido esperava que a parlamentar pudesse enfrentar consequências jurídicas desde o início de sua condenação. O grupo bolsonarista tende a acolher Tadeu como reforço num momento de desgaste interno provocado pela situação da ex-deputada.
O partido, que busca consolidar sua imagem de maior bancada conservadora do país, ganha um nome de alta visibilidade e histórico de atuação midiática.
Impacto político da entrada do suplente de Carla Zambelli na Câmara
A substituição de um parlamentar por outro nunca é neutra, ainda que pertençam ao mesmo partido. Cada deputado possui estilo próprio, relação específica com a base eleitoral e capacidade singular de articulação.
No caso do suplente de Carla Zambelli, alguns efeitos são esperados:
1. Reforço do discurso de segurança pública
Sua carreira na PM motiva forte atuação em temas de policiamento, violência urbana, prerrogativas das forças de segurança e combate à criminalidade — áreas que devem ganhar espaço na pauta conservadora do Parlamento.
2. Reorganização do bloco bolsonarista
A cassação de Zambelli cria um vácuo momentâneo. Tadeu deve ocupar parte desse espaço, sobretudo entre os parlamentares de São Paulo.
3. Estilo combativo nas comissões
O militar é conhecido por sua postura incisiva e deve retomar debates acalorados em comissões estratégicas.
4. Sinal político ao STF
A posse do suplente de Carla Zambelli representa um movimento institucional que reafirma a decisão judicial e sinaliza que o Parlamento pretende evitar confrontos diretos com o Supremo.
Análise jurídica: a perda de mandato e a posse automática do suplente
A Constituição prevê que, em caso de condenação criminal transitada em julgado ou confirmada por órgão colegiado, o parlamentar pode perder o mandato. Nos últimos anos, o STF consolidou entendimento de que a perda pode ser declarada judicialmente, cabendo à Casa Legislativa apenas cumprir a determinação formal.
Assim, com a cassação de Zambelli, o suplente de Carla Zambelli assume por ordem constitucional. Não se trata de decisão política da Câmara, mas de efeito jurídico automático da decisão do STF.
O prazo de 48 horas estabelecido por Moraes reforça o caráter impositivo da medida.
A expectativa para os primeiros dias de atuação de Coronel Tadeu
A volta do suplente de Carla Zambelli ao Congresso deve ser acompanhada de grande atenção midiática, especialmente porque a cassação da titular ocorre em meio à fuga para a Itália, prisão, condenação e forte polarização política.
Nos bastidores, parlamentares acreditam que Tadeu deve:
• fazer discurso inaugural com tom crítico ao STF;
• reafirmar alinhamento ideológico ao bolsonarismo;
• projetar imagem de firmeza e continuidade;
• buscar espaço em comissões relacionadas à segurança pública.
Aliados também esperam que o novo deputado promova discursos em defesa de Zambelli, embora reconheçam que sua posição jurídica dificulta mobilização institucional.
Carla Zambelli: o impacto da cassação e a transição para seu suplente
O enfraquecimento político de Zambelli se acentua com a posse do suplente de Carla Zambelli, já que a cassação rompe definitivamente sua atuação parlamentar. Mesmo que a defesa tente recorrer, analistas afirmam que as chances de reversão são extremamente reduzidas.
O cenário político indica que a substituição consolidará um novo momento no grupo bolsonarista na Câmara.
O suplente de Carla Zambelli e o simbolismo da transição
A ascensão de Coronel Tadeu é simbólica por dois motivos:
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Representa a continuidade da linha ideológica que dominou parte da direita entre 2019 e 2022.
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Marca uma mudança de figura política após um episódio que envolveu fuga internacional, condenação criminal e perda de mandato — um dos casos mais emblemáticos da atual legislatura.
A posse do suplente de Carla Zambelli deve ser interpretada como capítulo relevante da reconfiguração da direita no Parlamento e da relação entre o Judiciário e setores conservadores.
