A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) exibiu três vezes trechos da reunião ministerial durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) em que o então titular do Palácio de Planalto admite mudar pessoas na “segurança” por “não esperar foder a minha familia toda” durante a sessão da CPMI do INSS desta quinta-feira (2/10). O momento, apontado como provocação pela oposição, causou um bate-boca.
Caso revelado
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
O vídeo de abril de 2020 mostra Bolsonaro irritado com os ministros por investigações que miravam familiares. O material fez parte do inquérito sobre interferência na Polícia Federal, depois da saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça. Thronicke também exibiu falas do atual senador a respeito das acusações que fez contra o governo que integrava.
Assista:
Depois da primeira exibição, a senadora sul-matogrossense disse que “dona Maria, que nos assiste de Rondônia e disse na minha rede social que perdeu o vídeo. Presidente, passe de novo, é para eles que eu trabalho”. A declaração levou a algumas risadas.
Na sequência, a senadora disse que um colega, apontando ao deputado Pompeu de Mattos (PDT-RS), “foi ao toalette” e nunca viu esse vídeo” e pediu para ser reproduzido uma terceira vez. A comissão foi então suspensa por 10 minutos.
No retorno, o senador Sergio Moro, que não estava no momento dos vídeos, pediu a palavra e disse que a reunião ministerial “não tem nada a ver com esse assunto” e disse que teve “ampla autonomia” durante o governo Bolsonaro.
Thronicke pediu a palavra, mas foi não foi concedida pelo presidente da comissão, Carlos Viana (Podemos-MG), iniciando um bate-boca. Thronicke, disse que o vídeo “elogiava” Moro e que “só mostra o modus operandi do governo Bolsonaro”, mas foi rebatida pelo presidente do colegiado, que disse ter tido “paciência” com a exibição e que não entendeu como elogio.