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Política Quarta-feira, 25 de Junho de 2025, 05:40 - A | A

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Está certo isso?

Quem sustenta carrega o fardo, e quem depende dita as regras (vídeo)

Um vídeo no Instagram de julialucyff trás a reflexão: “Quem decide o futuro do País. Quem produz ou quem depende do governo?”

DO EDITOR

Uma imagem recente com os presidentes da Câmara e do Senado — Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP) — ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, gerou reflexões sobre um problema crônico do Brasil: a representatividade política e o desequilíbrio na federação.

Ambos os parlamentares representam estados em que o número de beneficiários do Bolsa Família supera o de trabalhadores com carteira assinada. Essa realidade, presente hoje em ao menos 12 estados brasileiros, é vista como um sintoma da fragilidade econômica e do colapso do modelo de desenvolvimento regional.

Para analistas, enquanto líderes políticos de regiões com alta dependência de programas assistenciais continuarem comandando as decisões nacionais, haverá distorções profundas nas prioridades do Congresso. “Temos estados sustentados pelo esforço de outros, e quem toma as decisões representa justamente essas regiões dependentes”, afirma um comentarista político. “Nesse cenário, dificilmente veremos o governo propor cortes de gastos.”

A crítica é direta: cortar despesas exigiria que o sistema político enfrentasse seus próprios privilégios. Uma das sugestões mais polêmicas é a revisão no número de beneficiários do Bolsa Família. “Não é razoável um estado ter mais pessoas vivendo do programa do que de trabalho formal. Isso é o selo da falência do nosso sistema econômico e social”, apontam os especialistas.

Além da questão econômica, surge o debate sobre o peso do voto. A atual estrutura do Senado, onde cada estado elege três representantes independentemente do número de habitantes, gera uma distorção que favorece regiões menos populosas. “Estados com menor população têm poder político desproporcional, o que perpetua o controle de figuras políticas tradicionais — os chamados ‘coronéis do Nordeste’ — sobre o Congresso.”

Esse grupo político, segundo críticos, dificilmente cobrará do governo federal um ajuste fiscal com cortes de gastos. “Eles dependem do apoio de uma população também dependente. E manter essa dependência é parte do projeto de poder.”

Com isso, o que se vê é um ciclo vicioso: o governo evita cortar despesas e opta por aumentar a carga sobre quem produz. “Enquanto isso não for enfrentado, continuaremos premiando a dependência e penalizando a produtividade.”

Opinião:

Representatividade no Brasil: igualdade formal, desigualdade prática

A ideia de representatividade no sistema político brasileiro parte de um princípio democrático: todos os estados, independentemente do tamanho da população ou da força econômica, devem ter voz no Congresso. No Senado, isso se expressa de forma clara — três senadores para cada estado, seja São Paulo com 45 milhões de habitantes, ou Roraima com menos de 1 milhão.

Na teoria, essa igualdade de representação garante equilíbrio federativo. Na prática, gera distorções.

Quando estados mais dependentes de repasses federais e de programas sociais têm o mesmo peso político — ou até mais influência — do que estados que sustentam a máquina pública com produção e arrecadação, há um desequilíbrio grave. O resultado é a formulação de políticas públicas voltadas mais para a manutenção da dependência do que para a promoção da autonomia econômica.

Esse modelo favorece um ciclo vicioso: líderes políticos que se beneficiam da dependência de suas bases eleitorais resistem a reformas que reduziriam gastos, aumentariam a eficiência do Estado ou exigiriam contrapartidas de desenvolvimento local. E, como têm peso político igual ou superior no Congresso, conseguem bloquear ou moldar as decisões nacionais conforme seus interesses.

Em termos econômicos, isso representa um “subsídio político”: estados produtores subsidiam não apenas programas sociais, mas também decisões legislativas que travam o avanço do país. Em vez de estimular crescimento, inovação e geração de empregos, o sistema político termina por proteger zonas de estagnação.

A solução não é excluir regiões mais pobres ou cortar benefícios de forma abrupta, mas sim rediscutir a lógica de representatividade: garantir que o voto tenha peso proporcional também à contribuição, ao esforço e à responsabilidade de cada estado na construção do país. E isso passa por reformas tanto no Senado quanto na distribuição orçamentária e na cobrança por resultados.

Em resumo: enquanto a representatividade continuar ignorando a lógica da responsabilidade compartilhada, estaremos alimentando um sistema onde quem sustenta carrega o fardo, e quem depende dita as regras.

VEJA O VÍDEO

 

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