O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Max Russi (PSB), usou a tribuna nesta quarta-feira (27) para manifestar indignação diante de dois episódios recentes ocorridos em câmaras municipais do Estado. O parlamentar destacou como mais grave o caso em Cuiabá, onde uma adolescente vítima de estupro teve sua imagem exibida durante uma audiência pública conduzida pela vereadora Maysa Leão (Republicanos).
Para Russi, a situação configurou um “segundo abuso” contra a jovem, que já havia sofrido violência anteriormente. “É preocupante ver a imagem de uma adolescente, que já foi brutalmente violentada, ser exposta dessa forma. Isso representa um segundo abuso. Essa conduta precisa servir de alerta não só para as câmaras municipais, mas também para nós, deputados estaduais. O cuidado na forma de conduzir debates é fundamental, porque não podemos causar novos traumas a quem já sofreu”, ressaltou.
Russi também criticou a justificativa apresentada por Maysa Leão, classificando como uma tentativa de encobrir o erro. “Seria mais digno reconhecer a falha publicamente do que tentar justificar o injustificável”, afirmou.
O deputado lembrou ainda que a situação vivida em Cuiabá deve ser um exemplo de reflexão para todas as casas legislativas, inclusive a própria Assembleia Legislativa. Além da polêmica na capital, Russi também se posicionou sobre o episódio em Pedra Preta (a 243 km de Cuiabá), onde o vereador Gilson de Souza (União) chamou a prefeita Iraci Ferreira (PSDB) de “cachorra viciada” durante sessão da Câmara Municipal.
O presidente da ALMT classificou a fala como “vil e desonesta” e disse ter ficado enojado com a postura do parlamentar. “Foi um ataque baixo e desrespeitoso. Como marido de uma prefeita, senti na pele o impacto dessas palavras. O mínimo que se espera é um pedido de desculpas, mas a Câmara também precisa tomar providências, e a Assembleia acompanhará esse caso”, declarou.
Russi, que já exerceu os cargos de vereador e prefeito, reforçou que o espaço da tribuna deve ser usado para confrontar ideias, e não para ofender ou expor pessoas. Ele ainda alertou para o alcance das falas nas redes sociais.
“Antes, declarações como essas ficavam restritas ao município. Hoje, em poucos minutos, ganham proporção estadual, nacional e até internacional. São dois episódios que envergonham o parlamento e reforçam a necessidade de responsabilidade no uso da palavra pública”, concluiu.