g1 e GloboNews — Brasília
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Os eventos do Sete de Setembro deste domingo (7) mostraram uma direita com maior capacidade de mobilização, reunindo mais de 80 mil apoiadores no Rio e em São Paulo, enquanto a esquerda só reuniu 8,8 mil pessoas na Praça da República na capital paulista.
Mas o que poderia ser uma grande vitória da direita sobre a esquerda na queda de braço de mobilização, acabou perdendo força quando os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desfilaram na avenida Paulista com uma bandeira gigantesca dos Estados Unidos.
Nem bem a manifestação da direita em São Paulo havia acabado, o governo Lula e petistas já estavam usando a munição dada de bandeja pelos apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais.
Viralizou na internet posts de petistas, como a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), colocando lado a lado as imagens da bandeira americana no protesto dos apoiadores do ex-presidente e a brasileira no desfile de Sete de Setembro em Brasília.
“Os apoiadores de Bolsonaro reverenciam a bandeira dos Estados Unidos em plena data da independência do Brasil. Isso mostra que estão do lado de quem aplica um tarifaço sobre o Brasil, enquanto o presidente Lula defende a soberania brasileira”, acrescentando com uma pergunta: “Quem está ao lado do povo brasileiro, os bolsonaristas ou o presidente Lula?”, questionou Lindbergh.
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Vista aérea mostra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro carregando uma enorme bandeira dos EUA em ato na Avenida Paulista, em SP, no 7 de Setembro. — Foto: Nelson Almeida/AFP
Tarcísio evitou usar imagem
O governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, fez questão de evitar imagens em seus posts da bandeira dos Estados Unidos estendida na avenida Paulista, ciente de que os apoiadores de Bolsonaro acabaram dando munição aos petistas.
Em Recife, capital de Pernambuco, os apoiadores de Bolsonaro seguiram a tradição do Carnaval e desfilaram com um boneco gigantesco de Donald Trump.
A imagem foi usada pelo grupo do prefeito da cidade, João Campos, e do líder do PSB na Câmara, Pedro Campos, para também atacar os bolsonaristas por estarem apoiando o presidente dos Estados Unidos, que ameaça aplicar novas sanções contra o Brasil depois da conclusão do julgamento da ação penal do golpe.
Por sinal, nas manifestações deste domingo, os apoiadores de Bolsonaro, desta vez, deixaram muito explícito que a meta é aprovar uma anistia principalmente para o ex-presidente da República Jair Bolsonaro.
Até então, nas manifestações anteriores, o líder Sóstenes Cavalcante fazia questão de afirmar que o objetivo era anistiar as velhinhas que foram presas no 8 de janeiro e que o caso de Bolsonaro seria tratado depois.
Agora, a estratégia mudou completamente. Isso vai aumentar a pressão dos líderes bolsonaristas sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, mas ele já indicou que não vai pautar o projeto da anistia antes do julgamento da ação penal do golpe.
Hugo Motta esteve presente no Sete de Setembro ao lado de Lula. Seu colega do Senado, o presidente Davi Alcolumbre, não compareceu. Seus interlocutores dizem que ele quer se resguardar para votar um projeto que reduza as penas dos atos golpistas, mas não uma anistia.