O senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que a postura do presidente Lula e os ataques contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fizeram com que as portas da Casa Branca estivessem fechadas para o governo brasileiro.
Segundo ele, mesmo se houver uma tentativa de negociação das tarifas de 50%, isso não ocorrerá de forma receptiva.
'O Lula parece não querer negociar porque está alimentando uma discórdia, atacando o presidente Trump a todo momento', afirmou em entrevista à rádio Itatiaia.
Flávio disse que seu irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, somente 'levou informações' necessárias para Trump. Segundo ele, não há um poder possível de manipulação do governo americano.
Sobre a ameaça de sanções diretas contra os residentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre, o senador comentou que não imagina que isso aconteça.
'Seria desastroso ainda mais aqui para o Brasil. Mas o presidente Trump tem todas as cartas sobre a mesa. Eu acredito que não vai chegar a esse ponto, ou a questão de desligar GPS, muito menos algo militar. A gente não está falando disso hoje, as reações são muito mais comerciais', continuou Flávio Bolsonaro.
Brasil em semana decisiva
Presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump — Foto: Ton Molina/Fotoarena/Agência O Globo; SAUL LOEB / AFP
O Brasil entra na semana decisiva para tentar reverter a tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros. Nesse domingo (27), o líder americano descartou qualquer possibilidade de acordo ou adiamento do tarifaço, previsto para começar na sexta-feira, 1º de agosto.
Em meio à tensão, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou nesse domingo em Nova York para um encontro na ONU sobre a situação da Palestina. Mas o chanceler avisou que poderá ir à capital americana discutir uma saída se o governo americano demonstrar interesse em dialogar.
De acordo com integrantes do governo brasileiro, até agora não houve negativa e nem sinalização positiva por parte da Casa Branca.
Uma comitiva formada por 8 senadores brasileiros de diferentes partidos chegou aos Estados Unidos neste fim de semana para tentar abrir um canal de negociação. Na manhã desta segunda-feira (28), o grupo se reúne com a embaixadora Maria Luiza Viotti e diplomatas brasileiros. À tarde, os senadores vão conversar com integrantes da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
Em entrevista à TV Globo, o senador Nelsinho Trad, do PSD do Mato Grosso do Sul, admitiu dificuldade de negociação, a poucos dias da data prevista para o início da cobrança tarifária:
'Pelo que a gente está observando, não se tem canal de diálogo. E agora estamos na expectativa de que se retome o diálogo para a gente poder fazer com que esse entendimento venha tão logo, antes do que a gente pode vir a esperar do prolongamento dessa sobretarifa, que vai ser muito ruim para toda a economia brasileira'.
O senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, disse que o Brasil deve agir com serenidade e firmeza, apesar da posição do governo americano:
'Agora, como que o governo Trump, ao longo do tempo, vai se posicionar? Mesmo aqui, as pessoas não veem uma racionalidade nas posições que o presidente tem assumido em termos de relações internacionais. Mesmo com parceiros históricos, como o Canadá, o México, com a Europa, num outro momento, e outros parceiros comerciais, a relação foi dura. Não vai ser diferente com o Brasil, e a gente precisa ter paciência, calma, resiliência'.