A senadora Margareth Buzetti (PSD) relembrou a luta pela implantação do serviço de hemodiálise infantil na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, destacando o drama vivido por uma mãe e sua filha, Maria Clara, que inspiraram a mobilização. A fala ocorreu durante a assinatura do contrato com Hospital Geral, na quinta-feira (5), no Palácio Paiaguás.
A parlamentar contou que conheceu o caso durante uma visita à Santa Casa, onde já apoiava ações voltadas à oncologia. Ao chegar à unidade, encontrou uma mãe chorando com a bebê no colo. “Perguntei o que havia acontecido e ela me disse que estava sendo transferida para São Paulo, porque Mato Grosso não tinha hemodiálise infantil. Fiquei indignada ao saber que não existia esse atendimento em nenhum lugar no estado”, relatou.
Dez dias depois, a senadora reencontrou a mãe no hospital. A transferência para São Paulo não se concretizou por falta de vaga, e a criança precisou fazer hemodiálise na UTI adulta, sob condições improvisadas. “Foi quando começamos uma batalha, eu e alguns amigos, entre eles o ex-senador Cidinho Santos. Conseguimos montar e entregar para a Santa Casa a estrutura necessária para a hemodiálise pediátrica, com a UTI infantil e os equipamentos”, destacou.
Apesar da conquista estrutural, a unidade não estava credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que impossibilitava o atendimento gratuito e regular. “Foi como fazer uma lei que não pode ser aplicada. Corremos atrás, lutamos e conseguimos o credenciamento. E isso fez toda a diferença para as crianças que vieram depois”, afirmou Buzetti.
Segundo ela, o serviço implantado possibilita hoje o atendimento ambulatorial precoce de bebês com problemas renais, o que evita agravamentos futuros. “A Maria Clara viveu mais seis anos depois disso. Não resistiu, mas teve qualidade de vida, graças ao atendimento que passou a ser possível aqui”, disse, emocionada.
A senadora também relembrou a primeira vez que visitou a unidade em funcionamento. “Fiquei impactada com uma criança ligada a uma máquina por tantas horas. Mas a mãe me disse: ‘Graças a Deus, agora tem a máquina’. Aquilo mudou minha forma de ver.”
Buzetti reforçou que a luta por políticas públicas eficientes continua. “O importante é que deu certo. E quem vier depois de nós, que faça ainda melhor. Mas foi uma batalha que valeu a pena”.
