O secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia (UB), não descarta retornar à cadeira de deputado federal para votar projetos de interesse da direita, em especial a anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Nesta quarta-feira (8), Garcia fez críticas à atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e comemorou a resposta dada pelos congressistas às supostas arbitrariedades da Suprema Corte. Desde terça-feira, parlamentares ligados à direita tentam obstruir a Câmara dos Deputados e o Senado ocupando as Mesas Diretoras dos plenários.
"O Congresso Nacional, pelo menos a oposição, que é uma oposição aumentada, com mais musculatura hoje, já começou a se posicionar pedindo para que os presidentes das Casas possam pautar temas importantes como é o projeto da anistia, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado. São as três pautas que estão sendo requeridas pela oposição hoje", endossou o secretário.
Para Garcia, as manifestações nos plenários pressionam Davi Alcolumbre (UB), presidente do Senado e Hugo Motta (Republicanos), presidente da Câmara dos Deputados, a colocarem em votação os três projetos.
"O resultado do plenário cabe aos deputados e senadores que são representantes do povo brasileiro, mas a obrigação do presidente da Casa é pautar aquilo que a maioria da Casa decida como importante pautar para o Brasil. Portanto, acho que o presidente da Casa deve atender a vontade da maioria dos parlamentares que representam, portanto, a maioria do povo brasileiro. A votação é legítima porque estão lá como legítimos representantes da população brasileira", enfatizou.
A reação dos congressistas foi impulsionada pela decisão, no início da semana, que determinou prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida foi assinada por Alexandre de Moraes, relator do processo em que o ex-presidente é acusado de tentativa de golpe de Estado.
Segundo Garcia, que é deputado federal, se houver necessidade, ele retornará à cadeira de sua titularidade para engrossar o apoio em especial à anistia, que é o tema que pode ser votado pela Câmara, ao contrário do impeachment de Moraes, que cabe ao Senado e conta com apoio unânime dos senadores mato-grossenses. O secretário-chefe da Casa Civil não deve encontrar resistência caso decida dar um 'pulinho' na Câmara para fortelecer a pauta da direita. Isso porque o governador Mauro Mendes também tem participado de atos pró-anisitia e condena o posicionamento do Judiciário acerca de Bolsonaro.