No mesmo encontro, Lula cobrou os ministros do União Brasil e do Progressistas para que defendessem o governo, se desejassem permanecer nos cargos. O recado acelerou o desgaste na relação entre os partidos e o Palácio do Planalto.
Lula e Rueda tiveram apenas um encontro na vida, em 26 de junho, um dia após a Câmara derrubar o decreto presidencial que regulamentava o IOF, impondo uma dura e inesperada derrota ao governo. Pois bastou esta única reunião para implodir as pontes entre os dois.
Segundo relatos, a conversa foi dura: Lula reclamou da falta de apoio do União Brasil às pautas do governo e fez críticas ao mercado por acusá-lo de não ter responsabilidade fiscal. Já Rueda apresentou queixas sobre a política fiscal do governo.
O saldo do encontro já era ruim, mas piorou sensivelmente quando Lula, já na despedida, fez uma pergunta: "E o Bivar, como tá?", referindo-se ao ex-presidente do União, Luciano Bivar, inimigo declarado de Rueda.
Aliados do presidente entendem que a pergunta capciosa de Lula foi calculada. Um recado do petista para demonstrar o tamanho da insatisfação com Rueda.
Ainda de acordo com relatos, o presidente do União recebeu a pergunta de Lula com espanto e constrangimento. Rueda e Bivar eram aliados, mas travaram uma disputa violenta pelo comando no União Brasil, com direito a acusações e ameaçadas de parte a parte.
Rueda, por exemplo, acusa Bivar de ter mandado incendiar seus imóveis em Pernambuco e de ter feito ameaças de morte contra famíliares dele. Bivar sempre negou.
Na terça-feira (2), União Brasil e Progressistas anunciaram o desembarque do governo, o que obriga os ministros do Turismo, Celso Sabino (União), e do Esporte, André Fufuca (PP), a entregarem seus cargos até o final de setembro.
Em resposta, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que "ninguém é obrigado a ficar no governo", mas quem permanecer tem de estar ao lado das pautas governistas.