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Não pode aprontar na quebrada

Salve atribuído ao PCC proíbe roubo de celular em favelas de São Paulo

Salve obtido com exclusividade pelo Metrópoles é atribuído ao PCC e proíbe roubo de celulares e outros itens pessoais nas favelas de SP

Administração

 

Metrópoles 

Um salve atribuído ao Primeiro Comando da Capital (PCC) proíbe roubo de celulares e outros itens de moradores nas favelas e quebradas de São Paulo. A mensagem, obtida com exclusividade pelo Metrópoles, passou a circular desde terça-feira (2/12). 

“Deixamos todos cientes que já se esgotou a paciência do Primeiro Comando da Capital com a relação a roubos nas quebradas e desrespeito com os moradores desses bairros periféricos. Moradores esses que fazem parte das mesmas mazelas que nós”, começa o comunicado.

“Pessoas simples, trabalhadoras, que enfrentam diariamente dificuldades e ainda assim mantêm dignidade e esforço para sustentar suas famílias. Pessoas que trabalham apenas para ter o que comer, sem direito a nada, como se não bastante esse sistema governamental opressor”, continua a mensagem.

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No salve, a facção proíbe roubo de “celulares, joias, eletrodomésticos, bicicleta, motos, carros, etc”. 

Vídeo do Youtube

 A reportagem apurou que o salve está repercutindo na zona sul de São Paulo, especialmente em Paraisópolis, onde moradores comemoraram o comunicado da facção. 

A reportagem confirmou junto à Polícia Civil a veracidade do comunicado, que seria destinado a todas as periferias da capital paulista. Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não retornou até a publicação desta reportagem.

PCC atribui roubos a “novas gerações de criminosos”

Ainda segundo o salve, a facção atribui roubos contra moradores de periferias a “novatos no crime”. “Novas gerações de criminosos vêm fazendo coisas inadmissíveis até mesmo para nós criminosos, o que é inaceitável”, diz a mensagem da facção.

“Já fizemos nossa parte por mais de anos, instruindo essas novas gerações, que roubar nas quebradas é mancada passível de cobrança à altura. Há décadas atrás. O próprio crime já dava cheque nesses que vivem oprimindo essas pessoas simples e humildes”, afirma a mensagem do PCC.

PCC no controle de territórios

Para a doutora em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), e professora da Universidade Federal do ABC Paulista (UFABC), Camila Nunes Dias, o Estado acabou “terceirizando” o controle de certas áreas para o PCC

Entre os exemplos de regras impostas pelo PCC, estão a proibição de venda de maconha sintética, conhecida como spice, na Cracolândia, no centro da capital paulista, o veto a empinar moto nas comunidades e até uma suposta ordem para acabar com as brigas entre as torcidas organizadas dos clubes de futebol.

“É como se o Estado terceirizasse para o PCC a regulação e o controle social em algumas áreas. Isso é muito claro nas prisões. Mas na grande parte das periferias e favelas de São Paulo também acontece. Já vi casos, por exemplo, de o PCC interferir em companheiro que agride a mulher e os filhos. Muitas vezes esse controle se espraia para questões que envolvem as relações na comunidade”, afirma a coautora do livro A Guerra: A Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil.

No salve que passou a circular nessa terça-feira, a facção demonstra a proximidade dos alvos desses roubos. “Esses moradores são nossos pais, avós, irmãos, filhos, parentes e amigos. Somos todos parte da mesma realidade e da mesma luta por um ambiente mais justo e tranquilo que foi esquecido pelo próprio Estado”, diz a mensagem do grupo criminoso.

Mais uma vez, com a proximidade do final do ano, o PCC reforça a proibição de “comportamentos que possam colocar em risco a segurança de todos”. Eles citam, por exemplo, “barulho de cortes de giros, manobras perigosas com motos ou carros e demais atitudes que possam causar acidentes ou perturbação”. 

Punição com a própria vida

Quem descumprir a medida, deve ser punido à altura, garantiu a facção. “Será punido e ficará a critério da disciplina a cobrança juntamente com os donos das próprias quebradas. Esperamos ter sido bem claros”, afirma outro trecho do salve.

A medida recai também para faccionados que estimulam ou façam vista grossa para esses roubos, como donos de biqueiras que aceitam itens roubados em troca de drogas.

“O convite para colar em ideias do crime organizado é para malandros e não para mancoso. Sendo assim, se chegar o salve para esses que se encaixam em critérios de estar na mancada, tem que encostar e ponto”, fiz a facção criminosa.

“Não vamos mais conscientizar e serão cobrados por desrespeito e ficará a critério da disciplina a punição devida. Sendo assim que fiquem atentos, até porque a cobrança pode ser à altura, ou seja, com a própria vida. Enfim, o Comando já fez sua parte, que foi instruir há anos, e a partir de agora vamos cobrar e ponto”, finaliza o salve.

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