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Notícias do Agro Quinta-feira, 16 de Outubro de 2025, 16:12 - A | A

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2025, 16h:12 - A | A

Recuo de mais de 8%

Com ‘descasamento’, preços do leite caem na fazenda e sobem no varejo

Recomposição de margens no mercado varejista fez valor ao consumidor final subir 3,4% em 12 meses; cotação no campo recuou mais de 8% nesse intervalo

Administração

Por 
Cleyton Vilarino
 — São Paulo-Globo Rural
Foto-Canal Rural
 
 

O preço do leite pago aos produtores caiu mais de 8% no país nos últimos 12 meses, segundo as estatísticas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mas esse declínio não tem chegado com a mesma intensidade ao consumidor final. No mesmo intervalo, a inflação dos produtos lácteos, medida pelo IPCA, foi de 3,4%.

 
 

No varejo, o leite passou um processo de recomposição de margens, após um período em que os varejistas tiveram dificuldade para repassar altas do produto. Para analistas, esse quadro sinaliza que a cotação dos lácteos tende a se acomodar, com quedas ocasionais, em categorias específicas, como leite longa vida e queijo muçarela (ver matéria abaixo).

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“O preço ao produtor caiu muito, e essa queda ainda não chegou ao consumidor. Mas ela vai chegar. A tendência é que uma parte dela chegue de fato”, diz Glauco Rodrigues Carvalho, pesquisador da Embrapa Gado de Leite.

Segundo ele, o atraso do repasse ainda reflete o período de baixa oferta de matéria-prima no mercado interno, que se estendeu de 2021 a 2023. “Naquela época, a remuneração acabou melhorando para o produtor, enquanto o varejo acabou apertando um pouco mais suas margens. Agora que temos um pouco mais de excesso de oferta, o varejo está segurando o preço para recompor a margem dele”, resume Carvalho. 

De acordo com o Centro de Inteligência do Leite da Embrapa, a média histórica da margem do varejo com a venda de leite UHT é de 20%, mas ela caiu para 11% em 2022. As margens só voltaram a se normalizar em junho deste ano. Nesse momento, o produto pôde voltar a refletir o comportamento dos preços no campo, ainda que não na mesma intensidade. De todas as categorias de lácteos medidas pelo IPCA, o leite longa vida é o único que acumula queda relevante nos últimos 12 meses, de 2,45%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE), responsável pela apuração do IPCA. 

Matheus Dias, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), diz que o leite UHT tende a refletir mais rapidamente as oscilações dos preços no campo por estar mais atrelado ao mercado nacional. “Já em itens relacionados também com as importações, como leite em pó e leite condensado, o varejo teve aumento de custos, o que acaba gerando perdas de margens”, afirma. No intervalo de 12 meses até setembro, os preços de leite em pó e leite condensado subiram 9,68% e 6,79%, respectivamente.

No primeiro semestre, a captação de leite no campo cresceu 6% em relação ao mesmo período de 2024. Para os analistas, isso indica que a alta do produto no varejo tende a perder força nos próximos meses, ainda que eles não projetem quedas consideráveis.

“A demanda não está necessariamente fraca, ela tem se sustentado. Por outro lado, não é comum haver grande oferta por longos períodos. O normal é que você tenha ajustes na produção que garantam a rentabilidade dos produtores, e esse ajuste pode acabar fazendo com que os preços da categoria não caiam”, ressalta Dias.

O secretário executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, diz que o atual cenário já compromete as margens de produtores de pequena escala ou menos eficientes. “O abandono da atividade tem se concentrado entre quem produz até 300 litros de leite por dia justamente por causa desse comprometimento de resultado”, afirma. Entre aqueles com captação acima de mil litros, o retorno estaria na casa dos 7% a 8% de margem, estima Palharini.

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