Todo solo saudável é produtivo, mas nem todo solo produtivo é saudável. Segundo Iêda Carvalho Mendes, do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), a saúde do solo vai além da produção agrícola, envolvendo capacidade de infiltrar água, sequestrar carbono, ciclar nutrientes, degradar pesticidas e sustentar diversidade biológica.
Desde 2020, a Embrapa disponibiliza a Tecnologia de Bioanálise de Solo (BioAS), pioneira no mundo, que inclui os bioindicadores enzimáticos arilsulfatase e β-glicosidase, mais sensíveis que a matéria orgânica para detectar alterações biológicas precoces. Essa ferramenta permite classificar o solo em quatro estados — saudável, adoecendo, doente e em recuperação — oferecendo ao agricultor um diagnóstico prático para decisões de manejo mais sustentáveis.
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“Por estarem associadas a todos os componentes biológicos do solo (microrganismos, plantas e fauna), a arilsulfatase e a β-glicosidase refletem o funcionamento da maquinaria biológica do solo, especialmente no que se refere à ciclagem de nutrientes. Ao serem analisadas em conjunto com os teores de matéria orgânica, considerando-se a textura do solo, os níveis de atividade dessas enzimas nos permitem classificar o solo em quatro diferentes condições de saúde: saudável, adoecendo, doente e em recuperação”, comenta.
Com custo médio de R$170,00, a BioAS facilita o monitoramento da saúde do solo, conectando 33 laboratórios comerciais à plataforma digital MIQS. Hoje, o Brasil concentra o maior banco de dados do mundo, com mais de 57 mil amostras analisadas, mostrando que 58% dos solos são saudáveis, 8% estão em recuperação e 21% estão adoecendo.
Em 2025, o país dará mais um passo com a Plataforma Saúde do Solo BR, que reunirá informações biológicas, químicas e físicas em mapas interativos por município. A iniciativa consolida o Brasil como referência global em monitoramento de solo, incentivando práticas de manejo sustentável, agricultura resiliente e alinhada à Agenda 2030.
“Ao empoderar o engenheiro agrônomo, a BioAS reforça a percepção da importância de solos saudáveis para a manutenção de lavouras produtivas, e representa um desafio para os agrônomos e técnicos do setor rural, pois muitas vezes exigirá uma reavaliação das práticas de manejo adotadas na propriedade agrícola e soluções customizadas, específicas para cada fazenda”, conclui.