O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, condenou nesta segunda (16) três membros do Comando Vermelho (CV) por ocultação de cadáver de um casal assassinado em Barra do Garças (516 km de Cuiabá), em 2021. As penas de Mickael da Silva Nogueira, Mario Lucas Gomes dos Santos e Vitor Gabriel Gomes da Silva somam mais de dez anos, mas, apesar disso, foi concedido a eles o direito de recorrer em liberdade.
Segundo as investigações, os corpos das vítimas, Marcos Otávio da Cruz Melo e Marylha Eduarda Ferreira Gonçalves, de 20 e 19 anos, foram encontrados em avançado estado de decomposição uma semana depois de o então adolescente Anthony Eduardo Arnaldo dos Santos tê-los executado, em uma estrada vicinal próxima ao km 25 da BR-070.
As apurações revelaram que os homicídios foram motivados por rivalidade entre facções — as vítimas seriam integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). O próprio Anthony confessou que deu quatro tiros em Marylha e “seis ou sete” tiros em Marcos para cumprir o “salve”.
Testemunhas relataram que, no dia do crime, Anthony e Mario Lucas Gomes dos Santos solicitaram um guincho para resgatar uma caminhonete atolada na região, alegando que o veículo pertencia ao pai de um deles. Investigações revelaram que Mickael da Silva Nogueira e Vitor Gabriel Gomes da Silva também estavam com eles na ocasião dos crimes. O grupo retirou os corpos de um matagal e os abandonou no local onde seriam encontrados dias depois.
Durante a investigação, depoimentos e materiais extraídos de celulares comprovaram que Mickael participou diretamente da ocultação dos corpos. Em conversas com outros membros da facção, ele admitiu pertencer ao Comando Vermelho e ocupar cargos de responsabilidade. Ele também era conhecido como “faxineiro”, termo usado para membros responsáveis por ocultar cadáveres e apagar vestígios de crimes. Já Mario Lucas e Vitor Gabriel foram descritos como “população”, gíria usada pela facção para identificar pessoas que não são membros, mas que colaboram pontualmente.
“Ao ser questionado sobre o motivo dos homicídios, Mickael confirmou que as vítimas foram mortas por pertencerem ao PCC, facção rival, o que reforça a motivação ligada à guerra entre organizações criminosas, evidenciando que os atos praticados não foram isolados ou meramente pessoais, mas sim fruto de diretrizes internas de um grupo criminoso com atuação organizada e pautada em critérios próprios de disciplina, hierarquia e punição”, destacou o juiz.