A juíza Alethea Assunção Santos, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, condenou Pâmela Batista Pinto por lavagem de dinheiro, em um desdobramento da operação Red Money, que investiga o esquema financeiro do Comando Vermelho em Mato Grosso. A sentença reconheceu que a ré movimentou cerca de R$ 80 mil para Jonas Souza Garcia Júnior, conhecido como “Batman”. Esse dinheiro seria oriundo do tráfico de drogas e da chamada “taxa de segurança”, cobrada de comerciantes pela organização criminosa.
A investigação revelou que Pâmela mantinha depósitos e movimentações bancárias que não eram compatíveis com sua renda declarada, tendo recebido valores de empresas ligadas à facção, como a JJ Informática, registrada em nome da esposa de “Batman”. Ele havia sido preso no âmbito da operação, mas fugiu para o Rio de Janeiro após conseguir um habeas corpus em setembro de 2024.
Durante a instrução processual, o delegado Luiz Henrique de Oliveira, responsável pelas investigações, detalhou como funcionava o sistema de arrecadação da facção. A apuração apontou que a empresa e pessoas ligadas ao núcleo de liderança da organização realizavam transferências diretas para a conta de Pâmela. Relatórios de análise técnica, interceptações telefônicas e quebra de sigilo bancário reforçaram as provas contra a acusada.
“A empresa JJ Informática, bem como as rés Bruna Cristina e Dayane Cristina, realizaram transferências de valores para a conta bancária da acusada. Nos autos [...] foi confirmado que todos os mencionados acima integravam a organização criminosa denominada Comando Vermelho, o que reforça a ilicitude dos valores depositados na conta da ré”, reforçou a juíza.
Embora tenha permanecido em silêncio durante o interrogatório, a defesa de Pâmela pediu absolvição por falta de provas ou, alternativamente, pena branda e regime aberto. No entanto, a juíza concluiu que havia fortes indícios de autoria e materialidade, caracterizando a prática de lavagem de dinheiro.
A dosimetria da pena ainda não foi divulgada na íntegra e a defesa pode recorrer da decisão. Pâmela já havia sido presa com 10 quilos de maconha em sua casa, no Praerinho, em 2012, e entrou em trabalho de parto durante interrogatório na Delegacia Metropolitana. Sua filha nasceu dentro de uma viatura do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).