A Polícia Federal (PF) identificou indícios de ocultação de contatos e dissimulação de comunicações nos dados de nuvem do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como pivô do esquema de venda e vazamento de decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ), investigado na Operação Sisamnes. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Ao analisar os arquivos armazenados por Andreson, os investigadores constataram que um contato salvo com o nome de Daimler, referência a Daimler Alberto de Campos, ex-chefe de gabinete da ministra Isabel Gallotti, na verdade pertencia a um advogado. Segundo a PF, esse tipo de prática é comum em contextos de ocultação de ilícitos, com o objetivo de despistar vínculos reais entre interlocutores.
Apesar da tentativa de mascarar comunicações, os investigadores afirmam que o conteúdo das mensagens e sua correlação com outros elementos reforçam a suspeita de que Daimler atuava como elo central no fluxo de informações e valores entre servidores e o grupo comandado por Andreson.
Os dados da nuvem do lobista também revelaram diálogos que sugerem o envolvimento de outros servidores do STJ, além dos três já identificados, no vazamento de informações sigilosas e na manipulação de decisões judiciais. Nenhum ministro é alvo do inquérito, que está sob relatoria do ministro Cristiano Zanin, no Supremo Tribunal Federal.
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As investigações, que se aprofundaram após a análise do celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023 no bairro Bosque da Saúde em Cuiabá, revelaram que Gonçalves era o centro de um complexo esquema de negociação de sentenças. Ele supostamente intermediava votos de ministros, vazava decisões e subornava magistrados com pagamentos milionários. Sua empresa, Florais Transportes, é apontada como a responsável por distribuir propinas em Mato Grosso.
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