A advogada Karyme Pedrosa, especialista em Direito Previdenciário, afirmou ao HNT TV que a "diminuição da rigidez" nos processos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para autorizar associações a efetuarem descontos nas aposentadorias e pensões, facilitou a ação de quadrilha que desfalcou mais de R$ 6,3 bilhões dos beneficiários. As cobranças foram registradas entre 2019 e 2024, ano que, segundo Karyme, o INSS começou a receber um volume de denúncias quanto aos valores. As reclamações chegaram ao Congresso, que fez uma revisão dos critérios.
Kayme Pedrosa pontuou que o cadastramento dos aposentados ocorria, principalmente em fevereiro, quando o governo federal reajusta o salário mínimo e o desconto poderia passar desapercebido. A advogada ressaltou que eles só foram descobertos pois, ao obterem êxito no modus operandi, ampliaram os estados alvo dos golpes e o esquema saiu fora de controle.
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"A fraude estava tão bem perpetrada que eles faziam os descontos em fevereiro que é quando faz a alteração do salário mínimo, tem um reajuste e muitas pessoas não viam. O que foi verificado é que nos últimos dois anos, começavam em fevereiro para a pessoa não ver", explicou a advogada.
Karyme explicou que os termos de cooperação são regulamentados. Os bancos, por exemplo, se apropriam dessa medida para fazer os empréstimos consignados que são descontados direto na folha de pagamento. Parte das vítimas, possuíam essa forma de contratação e se confundiam, pensando que a cobrança estava atrelada a operação.
"Existem muitas associações e cooperativas que são válidas. Houve uma diminuição da rigidez. Essas associações tinham que cumprir uma série de requisitos e nos últimos dois anos, houve uma diminuição, mas isso entra na parte dos senadores que fazem a regulamentação. Ficou mais fácil apresentar a listinha deles que precisavam de desconto e, em questão de um ano para outro, dobrou a quantidade de descontos e foi aí que começou toda essa investigação", observou a advogada.
A sangria dos cofres públicos afeta a reputação do INSS. Karyme acredita que houve deslize de uma ala executivos e servidores do órgão, colocando em xeque a confiança na prestação do serviço. "Infelizmente houve uma omissão do INSS, seja no grande escalão ou no menor, só omissão. Não se sabe. Quem vai apurar é a Polícia Federal e, no momento certo, vai começar uma investigação", concluiu.
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