A empresária Julinere Goulart Bentos confessou informalmente ser a mandante do assassinato do advogado Renato Nery, de acordo com a decisão da juíza Ena Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo). Esse foi um dos fatores para a magistrada prorrogar, por mais 30 dias, a prisão temporária de Julinere e de seu marido, César Jorge Sechi.
De acordo com a juíza, embora a empresária tenha ficado em silêncio durante o interrogatório formal à Polícia Civil, Julinere fez declarações informais à autoridade policial, no momento de sua prisão, que reforçam sua ligação com o crime.
Segundo os autos, ela afirmou que seu marido frequentemente demonstrava raiva da vítima, alegando que Renato teria tomado suas terras. Ela ainda declarou que chegou a dar a ordem para que o policial Jacskon Pereira Barbosa matasse o advogado, mas que depois teria desistido. Ainda assim, alegou que seu marido continuava insistindo na ideia de eliminar a vítima.
Em meio ao depoimento, chorando e bastante abalada, Julinere afirmou ser vítima de extorsão por parte de Jacskon e do jornalista Claudio Natal para que ela não fosse “entregue pelos policiais que seriam presos”, citando pagamentos que teriam somado R$ 400 mil. Disse ainda temer por sua vida, especialmente pela atuação criminosa do grupo ao qual Jacskon pertenceria. Apesar de prometer colaborar com a investigação, ela passou a se calar após orientação de seu advogado.
“São relevantes as informações narradas pela Autoridade Policial nessa seara investigatória, pois, apesar de formalmente a investigada ter optado pelo silêncio após orientação da defesa, temos que não há quaisquer elementos nos autos que desacreditem as palavras do Delegado de Policial”, afirmou a juíza na sentença.
As investigações também identificaram um bilhete de cobrança destinado a César Jorge Sechi, supostamente relacionado ao pagamento pela execução do crime. “Assim, ressai das investigações a existência de fundadas razões de autoria delitiva que recaem sobre César Jorge Sechi e Julinere Goulart Bentos na condição de mandantes do crime”, esclareceu.
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A MORTE
Renato Nery foi alvejado por sete disparos, sendo que um atingiu sua cabeça, enquanto chegava em seu escritório de advocacia localizado na Avenida Fernando Corrêa, no dia 5 de julho. Agonizando, ele foi encaminhado a um hospital particular, onde passou por um procedimento cirúrgico, mas não resistiu aos ferimentos e teve a morte constatada na madrugada do dia 6.