A mãe da travesti Tiffany Rodrigues, de 24 anos, encontrada morta na manhã da última segunda-feira (8), em Alta Floresta, município a 800 km de Cuiabá, afirmou que os últimos dias têm sido difíceis para a família. Inês Rodrigues dos Santos, de 47 anos, é dona de casa e diz que a filha assassinada era a sua principal companheira.
“Eu amo todos os meus filhos, mas ela era unha e carne comigo, minha filha mais velha, minha companheira, sempre se preocupava e cuidava de mim. Ela era muito querida pela família toda e carinhosa com todos. É muito difícil acordar todos os dias e não vê-la mais em casa”, afirmou a mãe, em entrevista ao G1.
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Segundo dona Inês, ela e a filha estavam fazendo cursos para abrirem um salão de beleza na cidade e o pai de Tiffany, inclusive, já havia comprado todas as coisas que a filha precisava para trabalhar. “O salão já está todo montado na minha casa. A minha filha morreu cheia de sonhos”, lamentou.
O corpo de Tiffany Rodrigues foi encontrado na entrada de uma fazenda localizada na região de Castanheira, em Alta Floresta. Conforme a polícia, o corpo da vítima apresentava sinais de enforcamento e não há suspeitos do crime. O corpo da jovem foi enterrado no cemitério municipal, na última terça-feira (9).
Para a família, o crime não tem explicação. Eles descrevem a jovem como uma pessoa “querida por todas e sem inimizades”.
“Quem a conheceu sabe o quanto ela era uma pessoa boa. Mas, o que mais me dói é saber o quanto judiaram dela, imaginar o quanto ela sofreu. Minha filha foi torturada, queimada com cigarro, estava toda machucada. Quando a vi, peguei em suas mãos e estavam todas pretas. Ela levou pauladas na cabeça. Tinha um rosto tão bonito e estava toda machucada”, disse a mãe.
Segundo a mãe, a filha saiu de casa por volta das 18h30 de domingo (7), mas, normalmente, não demorava a voltar. Como a jovem não carregava mais o celular ao sair, após ter sofrido uma tentativa de homicídio em janeiro deste ano, a família não pode entrar em contato ao perceber que Tiffany não havia voltado para casa.
“Confiamos na Justiça de Deus para fazer essa pessoa aparecer e pagar pelo o que fez. Se a Justiça da terra parar [de investigar], vamos lutar até conseguir colocar o culpado na cadeia. Quem faz isso não pode nem ser chamado de pessoa, não é gente, não é bicho, é um monstro que não tem um pingo de amor no coração”, afirmou.
Tentativa de homicídio
Tiffany já havia sofrido uma tentativa de homicídio no início do ano, quando foi baleada na boca. Segundo a mãe, o suspeito do crime é menor de idade e havia tentado roubar o celular da sua filha um dia antes da tentativa de homicídio. A jovem não entregou o celular e ainda agrediu o assaltante ao perceber que a arma usada para praticar o roubo era de brinquedo.
“No outro dia, ele retornou armado, chamou por ela e, quando a minha filha virou, atirou na boca dela. Ele está solto até hoje e a Tiffany já havia até sido chamada para comparecer no fórum, a fim de depor contra ele”, contou.
Investigação
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o crime. O caso está sendo conduzido pelo delegado Israel Pirangi dos Santos. Segundo a polícia, os pais da jovem já prestaram depoimento e outras pessoas devem ser arroladas como testemunhas no caso e prestarão depoimento na delegacia ao longo dos próximos dias. A polícia informou, porém, que mais detalhes do caso não serão repassados para não prejudicar a identificação do suspeito, uma vez que a cidade é pequena e a vítima tinha muitos contatos.