Imagine tentar entrar em um dos países mais fechados do mundo, onde o turismo é praticamente um tabu, usando um “jeitinho” para burlar as regras. É o que alguns cidadãos chineses fizeram na Coreia do Norte. Mas a estratégia está custando caro.
Segundo o site norte-americano NK News, especializado em notícias sobre o país, turistas da China conseguiram driblar as rígidas restrições norte-coreanas de entrada ao se passar por empresários, usando vistos de negócios para fazer turismo.
A prática, no entanto, é algo expressamente proibido pelo regime de Kim Jong-un, que, em resposta, decidiu exercer um aperto ainda maior na já restritiva política nacional de emissão de vistos.
- Desde que a Coreia do Norte fechou suas fronteiras para o turismo internacional, o acesso ao país ficou limitado a casos muito específicos, como delegações diplomáticas, humanitárias ou empresariais.
No entanto, cidadãos chineses encontraram uma brecha: eles solicitavam vistos de negócios, alegando compromissos profissionais que, na verdade, eram fictícios. Com isso, conseguiam entrar no país.
O truque, porém, não passou despercebido. As autoridades norte-coreanas, conhecidas pelo controle minucioso, perceberam a manobra e decidiram reforçar as regras.
Agora, quem quiser um visto de negócios precisa apresentar uma quantidade maior de documentos, passar por uma análise mais rigorosa e, muitas vezes, enfrentar atrasos na liberação da autorização.
A medida, segundo a imprensa asiática, está impactando até mesmo aqueles que realmente buscam fazer negócios no país.
Passo para trás na reabertura
Desde fevereiro deste ano, a Coreia do Norte vinha ensaiando uma reabertura gradual, permitindo a entrada de russos e de alguns grupos empresariais chineses. O objetivo era dar um fôlego à economia, fortemente impactada pelo isolamento imposto pela pandemia e por sanções internacionais.
No entanto, o turismo convencional permanece fora de questão, e os vistos de negócios se tornaram uma das poucas portas de entrada disponíveis, segundo o NK News.
No último mês de junho, a Russian Railways, operadora ferroviária estatal russa, disse que o serviço de trem de passageiros que liga Pyongyang, capital da Coreia do Norte, a Moscou, capital da Rússia, seria retomado.
O trecho, que é dito pela Russian Railways como “a rota ferroviária direta mais longa do mundo”, estava fechado desde 2020, devido à pandemia. Os passageiros levam oito dias para completar os mais de 10.000 quilômetros de viagem.
Também em junho, a Coreia do Norte abriu oficialmente o resort de Wonsan Kalma, na costa leste do país, com expectativa de atrair até 20 mil visitantes por ano. O complexo turístico foi lançado seis anos após a conclusão das obras, mas por enquanto ficará restrito apenas a visitantes domésticos.