Por conta do tarifaço dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras, produtores mineiros de café relatam que as negociações internacionais do produto estão paralisadas aguardando os impactos da medida. A expectativa do setor é de que o efeito da tarifa de 50% sobre o café brasileiro comece a ser sentido na ponta até o fim de agosto, permitindo, assim, uma melhor avaliação do cenário.
Segundo a vice-presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, Suzana Santos Passos, exportadores de café e compradores de todo o mundo vêm adotando cautela neste momento e evitam fechar negócio. A entidade representa uma das principais regiões do estado produtoras de café, com mais de 11 mil cafeicultores, que são responsáveis por 2,6 milhões de sacas de 60kg de café arábica.
Suzana relatou à CBN que está com alguns pedidos paralisados para importadores da Europa, já que não há uma definição sobre os efeitos das taxas no preço do café.
"Ninguém está liberando a saca de café para lugar nenhum. O mercado, ele está estagnado. Está sendo assim só para o mercado interno, para exportar ninguém está conseguindo, não. Eu tenho alguns pedidos para Alemanha, para Itália, mas está tudo parado e no vamos aguardar. Eu acho isso sensato, acho que precisa ter calma, precisa ter discernimento. É avaliar agora o custo da saca de café para saber se compensa vender, a que preço vender e participar do mercado conforme as possibilidades", pontuou.
A Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas também demonstrou preocupação já que os produtores estão em fase final de safra e com muitos custos a serem pagos. Suzana Santos defendeu que Estados Unidos e Brasil entrem num acordo para evitar um grande impacto na cadeia produtiva do café.
"Isso é um peso muito grande. Embora estejamos finalizando o Safra, é uma época em que se tem grande percentual de despesa. É uma das maiores despesa na cadeia do café, é a safra. Então, de qualquer forma, o produtor vai precisar vender para cumprir os compromissos de quitar as despesas de safra. Vamos torcer para que as pessoas são responsáveis pelas negociações, optem pela democracia, pelo bom senso, pelo Brasil", disse.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, os Estados Unidos foram responsáveis pela compra de 16,5% do total de 46,1 milhões de sacas de cafés brasileiros exportados em 2024. No período, o país liderou o ranking dos maiores importadores grão.
Minas Gerais é o maior produtor de café e responsável por mais de 50% da produção nacional. Os Estados Unidos são os maiores compradores e, segundo o Governo de Minas, em 2024, as exportações ao país norte-americano somaram 1,5 bilhão de dólares.