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Peça-chave nas decisões estaduais e federal

Tarcísio assume protagonismo de Bolsonaro como fiel da balança em 2026

Governador Tarcísio vira peça-chave para definições de esferas estadual e federal, na direita e na esquerda

Administração

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é visto cada vez mais por aliados como o “fiel da balança” para uma série de definições do xadrez eleitoral de 2026. Com o fortalecimento de seu nome como presidenciável, ele ganhou maior protagonismo após a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Tarcísio voltou a adotar discurso nacional nas últimas semanas ao entrar no debate público sobre segurança e fazer críticas recorrentes ao governo federal. Em um evento voltado a empresários, na última sexta-feira (14/7), o republicano afirmou que é preciso “demitir o CEO” do Brasil”. O corte da fala foi replicado nas redes sociais de Tarcísio, no domingo (16/11).

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Se o futuro jurídico e político de Bolsonaro era apontado ao longo do ano como o principal fator da definição de como será o possível enfrentamento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a condenação do ex-presidente a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, em setembro, e seu isolamento na prisão domiciliar fizeram com que a decisão de Tarcísio passasse a ser, definitivamente, o centro das atenções do mundo político. O quadro deve se acentuar com a possível prisão em regime fechado do ex-presidente. 

Tido como o nome favorito do Centrão e do mercado financeiro, o governador paulista ainda sofre resistências de alas mais radicais do bolsonarismo, comandadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). No início do mês, o filho 03 de Bolsonaro voltou a fazer ataques a Tarcísio, após o governador intensificar os sinais de que pode ser candidato à Presidência da República.

A decisão do republicano definirá se a direita estará unida no pleito, a disputa nos principais estados, a correlação de forças entre os partidos e até a estratégia eleitoral da esquerda. 

Disputa por SP

Em São Paulo, caso Tarcísio deixe o governo para concorrer ao Palácio do Planalto, será aberta uma disputa entre seus principais aliados em relação a quem será o candidato agraciado pelo governador como seu sucessor.

Os principais postulantes são o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB); o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), André do Prado (PL); o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP); e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, atual secretário de Governo de Tarcísio.

O vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), também é apontado como possível candidato, uma vez que ocuparia a cadeira a partir de abril e teria a caneta na mão durante a campanha eleitoral. A data-limite para que ocupantes dos cargos de presidente, governador e prefeito deixem suas funções para disputar outros postos é 4 de abril de 2026. 

Ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, o deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP) é outro que afirma ser candidato ao governo paulista sem Tarcísio na disputa. Caso o governador decida tentar a reeleição, Salles diz que se candidatará ao Senado.

Aliados de Tarcísio apostam que uma definição mais clara deve ocorrer após o encontro entre o governador e Bolsonaro, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para o dia 10 de dezembro. A visita do pupilo na prisão domiciliar foi um pedido da própria defesa do ex-presidente.

Além de Tarcísio, Bolsonaro tem encontros marcados com o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), e o deputado federal Guilherme Derrite, ambos em evidência nas últimas semanas após a megaoperação no Rio e a tramitação do PL Antifacção. O texto é relatado por Derrite, que se licenciou do cargo de secretário de Segurança Pública de Tarcísio para desempenhar a função. 

Jogadas na esquerda

Além dos aliados, os opositores de Tarcísio aguardam a definição do futuro do governador para traçar sua estratégia em São Paulo. Caso Tarcísio, tido como franco favorito à vitória no estado, vá para a reeleição, os petistas devem apostar em um nome capaz de levar a disputa ao menos para o segundo turno, com o objetivo principal de oferecer um palanque forte a Lula no maior colégio eleitoral do país.

Nesse cenário, desponta o nome do ministro da Fazenda e ex-prefeito da capital, Fernando Haddad (PT). Conhecido do eleitorado e com “recall” de eleições passadas, Haddad é considerado um “cumpridor de missões” dentro do PT e aceitaria a empreitada, mesmo com altas chances de derrota.

Já com Tarcísio fora da disputa em São Paulo, o cenário passa a ser outro, e, nele, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) é citado por petistas como alguém que teria chances reais de vitória. Ex-governador e bastante conhecido do eleitorado, a avaliação é de que Alckmin teria chances de disputar votos da parcela conservadora do interior paulista e poderia ameaçar o favoritismo do grupo ligado a Tarcísio. Outro possível candidato na esquerda é o ministro da Pequena Empresa, Márcio França (PSB), o único que já se colocou como pré-candidato.

Na esquerda, a principal aposta é que Tarcísio sairá para a Presidência e que o candidato ao governo paulista será Ricardo Nunes. Segundo essa avaliação, Bolsonaro seria obrigado a apelar a Tarcísio para ter a mínima chance de sair da prisão, por meio de um indulto, uma vez que o governador paulista é o candidato da direita com mais chance de derrotar Lula, assim como já prometeu dar o benefício ao padrinho. “Na hora. Primeiro ato. Porque eu acho que tudo isso que está acontecendo é absolutamente desarrazoado”, respondeu ao ser questionado se o indulto estaria em seus planos caso dispute o Palácio do Planalto, em entrevista em agosto.

Estratégia

No cenário nacional, caciques dos principais partidos da direita e centro-direita costumam apontar que Tarcísio é o nome capaz de liderar uma espécie de “frente anti-Lula” em 2026. Líderes partidários, como Ciro Nogueira (PP), Gilberto Kassab (PSD), Baleia Rossi (MDB) e Valdemar Costa Neto (PL), já indicaram que podem apoiar o governador de São Paulo já no primeiro turno.

Para o cientista político Marco Antônio Teixeira, da Fundação Getulio Vargas, o principal entrave nessa articulação é o clã Bolsonaro, que reluta em abrir mão de ter alguém da família na cabeça de chapa e, com isso, correr o risco de perder o “monopólio” da direita e o do antipetismo.

“O Tarcísio também costuma usar declarações públicas para testar cenário, que tem mais a ver com a reação de possíveis aliados e da família Bolsonaro do que com a reação de adversários. É algo que abala muito o Tarcísio quando ele joga o nome dele em cena e, de certa forma, sofre algum tipo de represália de Eduardo Bolsonaro. De todo modo, o cenário nesse momento é menos atípico do que no passado, até porque o Eduardo Bolsonaro se enfraqueceu. Mas também não dá para apostar que isso vai ser totalmente pacificado. Acho que a ambição da família Bolsonaro de ter um sobrenome na campanha é muito grande”, avalia o professor.

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