Economia|Da Reuters
Foto-Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura
O desmatamento de áreas para uso agrícola na região do Cerrado causa condições climáticas mais secas que, em última análise, prejudicam a produção de soja, de acordo com as conclusões de um novo estudo divulgado nesta segunda-feira (17).
O trabalho, que foi compartilhado primeiramente com a Reuters, argumenta que a queda na produtividade leva os agricultores a desmatar ainda mais terras, acelerando ainda mais a degradação do segundo maior bioma do Brasil, depois da Amazônia, e dificultando os esforços de conservação.
“Nossa nova análise descobriu que, quando os agricultores desmatam a vegetação nativa para plantar soja, os impactos climáticos vão muito além das áreas desmatadas”, disse a Zero Carbon Analytics, em uma nota detalhando as principais conclusões do estudo do grupo de pesquisa.
A região do Cerrado brasileiro ocupa mais de 2 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 23% do território do país.
A região teria produzido um adicional de US$ 9,4 bilhões de soja — quase 8% de sua produção de soja nos 10 anos cobertos pelo estudo — se a terra não tivesse sido desmatada para a produção de soja desde 2008.
Conab: tendência é aumentar produção
A Zero Carbon Analytics analisou dados de produção, rendimento, exportação e preço da soja de 840 municípios do Cerrado entre 2013 e 2023, bem como dados de precipitação e aridez.
No entanto, de acordo com os dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), desde 2008/2009 os rendimentos médios de soja do Brasil apresentaram uma tendência de aumento.
Graças ao uso de novas tecnologias, incluindo sementes transgênicas e melhores insumos agrícolas, a produtividade cresceu quase 38%, chegando a 3,62 toneladas métricas por hectare em 2024/2025.
“Nossa análise não está negando que a produção tenha aumentado”, disse Joanne Bentley-McKune, autora do estudo, que foi revisado por um economista. “O que está sendo mostrado é que a produção aumenta apesar das perdas climáticas.”
A diferença entre a produção de soja e o que poderia ter sido produzido — estimada em cerca de 34 milhões de toneladas — devido ao desmatamento no Cerrado de 2013 a 2023 mostra “a lacuna entre o que foi alcançado e o que poderia ter sido alcançado se tivéssemos esses ganhos tecnológicos sem essa perturbação climática”, disse Bentley-McKune.
O Brasil, o maior produtor e exportador de soja do mundo e um dos principais fornecedores de soja para a China, deve colher cerca de 178 milhões de toneladas na atual temporada.

















