As comemorações de fim de ano trazem alegria para muitas pessoas e um dos principais momentos em nossa cultura da festa de Réveillon é o show de fogos de artifício. Por trás da beleza, porém, a prática representa risco real para animais silvestres e domésticos, incluindo cachorros e gatos.
O som intenso dos fogos causa pânico, provoca acidentes e pode resultar até em mortes dos pets. A audição dos animais alcança faixas de som maiores que a humana. No caso dos cães, eles conseguem ouvir barulhos a uma distância quatro vezes maior que a média humana.
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Gatos também conseguem ouvir em frequências mais altas que os humanos e a distâncias muito maiores. Sem entenderem a origem do ruído dos fogos e impressionados com o estrondo, os animais tentdem a interpretar as explosões como uma ameaça direta.
“Os fogos de artifício e gritos podem promover respostas comportamentais características de estresse, como latidos estridentes, agressividade, busca por esconderijo, fazer as necessidades fisiológicas fora do lugar apropriado e até mesmo se machucar ao tentar escapar daquele som”, resume a veterinária Mariana Raposo.
Uma pesquisa feita em 2022 pelo Grupo Petlove, um plano de saúde para animais, revelou que 85% dos tutores de animais relatam que seus pets tem medo de fogos de artifício. O levantamento ouviu 1,2 mil tutores no país e revelou que 72,7% dos animais procuram esconderijo quando ouvem fogos e que 52,3% apresentam tremores decorrentes desta situação de pânico.
Raposo ainda destaca que não adianta substituir os fogos de artifício pelos que são vendidos como silenciosos. A versão não é isenta de ruídos. Embora apresente explosões que são cerca de 50% menos barulhentas do que os fogos comuns, elas ainda podem levar a crises de estresse para animais próximos. “Eles continuam sendo assustadores especialmente para a audição canina. A pólvora de projeção dos fogos de artifício, que lança os artefatos coloridos para o céu, é sempre barulhenta”, destaca.
Quais são os riscos para os pets?
O som alto não provoca apenas medo e crises de estresse. O barulho intenso pode levar os animais a se ferirem, terem crises convulsivas, surdez e até morrer de infarto relacionadas à intensidade do nível de estresse.
“Os animais podem evoluir para quadros de parada cardíaca se não encontrarem uma forma de amenizar a situação de estresse”, explica o veterinário João Paulo Lacerda, professor no Centro Universitário de João Pessoa (Unipê).
Como proteger cachorros e gatos?
- Mantenha os pets em um ambiente seguro e familiar, com portas e janelas fechadas.
- Use sons suaves, como música relaxante, para abafar os ruídos externos.
- Se necessário, consulte o veterinário sobre o uso de calmantes naturais ou medicamentos.
- Dedicar atenção extra ao animal, não o deixando sozinho, também contribui para que ele se sinta mais calmo.
- Evite deixar muitos cães juntos, pois podem brigar com o estresse dos fogos o e causar ferimentos graves ou até mesmo fatais.
A médica-veterinária Mariana Cappellanes Flocke, consultora técnica sênior de Pet Health da Elanco Saúde Animal, lembra ainda que é fundamental que o pet tenha identificação com nome e telefone na coleira para ser facilmente identificado em caso de fuga.
“Recomendamos que os microchips estejam atualizados com informações de contato e que os portões e janelas estejam sempre fechados durante as festas para não ter problemas”, diz ela.
Debate legislativo e novas regras
Várias regiões do país possuem leis que restringem fogos com estampido. Goiás, Amapá e cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba já adotaram normas. As regras variam, mas seguem a lógica de reduzir o impacto do som. Em muitos casos, porém, as leis mesmo depois de aprovadas ficam sem regulamentação por anos, como ocorre em Brasília, o que impede uma fiscalização efetiva.
Em outubro de 2024, o Senado aprovou projeto que proíbe a produção, comércio e uso de fogos com ruído superior a 70 decibéis em todo o país. No geral, fogos podem superar 120 decibéis. O texto prevê multas para empresas e pessoas que desrespeitarem a norma. A proposta está em análise na Câmara dos Deputados.
Não só os pets sofrem
A explosão de fogos de artifício não é danosa apenas para animais, como também para pessoas com transtornos como a fonofobia. Por conta dessa condição, a pessoa pode ter medo e crise de ansiedade associados a ruídos altos e repentinos. No geral, não há relação com outros problemas auditivos.
Pessoas com autismo também podem se sentir desorientadas com os estampidos, tendo crises de dor de cabeça e até de irritabilidade e violência por conta dos fogos.


















