Por Redação g1
Foto-Brasil 247
Os navios que deixaram a Venezuela, rumo à Ásia, entre a noite de terça-feira e a manhã de quarta-feira já receberam escolta da Marinha chavista, afirmou o jornal em reportagem publicada na quarta. Essas embarcações, no entanto, não eram alvo de sanções econômicas.
A ordem de Maduro acirra ainda mais as tensões militares entre a Venezuela e os EUA, porque, segundo o "New York Times", a maior circulação de navios de guerra aumenta o risco de um eventual embate com a Marinha americana —que posicionou uma presença de grande escala no Mar do Caribe nos últimos meses a mando de Trump. A proximidade entre as embarcações dos dois países pode gerar troca de ameaças entre os tripulantes o que poderia levar a um eventual ataque —aí, o país alvejado teria o direito de declarar guerra.
A escolta militar de petroleiros ocorre após Trump ter anunciado, na terça-feira, que a Venezuela está "completamente cercada" e determinado um bloqueio total a petroleiros alvos de sanções que entram e saem do país sul-americano. Em resposta, o governo Maduro repudiou a atitude dos EUA, que chamou de "ameaça grotesca".
Isso tudo adicionou uma nova camada à escalada de tensões sem precedentes entre os dois países. A escalada conta com uma mobilização militar em grande escala dos EUA no Caribe, bombardeios a barcos no mar do Caribe e no Oceano Pacífico e a apreensão de um navio petroleiro venezuelano. (Leia mais abaixo)
Presidente Donald Trump diz que militares americanos cercaram a Venezuela
Segundo dados da organização Transparência Venezuela, 40% das embarcações que transportam petróleo bruto venezuelano operam em situação irregular. Esse fluxo ocorre por meio de uma "frota fantasma", de navios que operam sob bandeiras de outros países para evitar as sanções impostas pelos EUA.
Os aliados Rússia e a China expressaram apoio ao regime Maduro nesta quarta-feira. Moscou afirmou que as tensões na América Latina podem trazer "consequências imprevisíveis" ao Ocidente, e Pequim disse "se opor a qualquer forma de assédio unilateral". Além dos aliados, a ONU e os governos do México e da Alemanha também se pronunciaram na quarta-feira.
Em desafio à ordem de Trump, o governo Maduro afirmou nesta quarta-feira que a exportação do petróleo e a navegação de navios petroleiros venezuelanos continuam normais. Apesar disso, o bloqueio americano pode fazer com que a Venezuela fique sem espaço para armazenar petróleo em até dez dias, segundo a agência de notícias americana "Bloomberg".
Venezuela critica bloqueio de Trump
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Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024. — Foto: AFP/Jim Watson
Um comunicado do governo Maduro afirmou que o bloqueio de Trump a seus navios petroleiros é “absolutamente irracional” e viola o livre comércio e a navegabilidade.
"A Venezuela, no pleno exercício do Direito Internacional que nos ampara, de nossa Constituição e das leis da República, reafirma sua soberania sobre todas as suas riquezas naturais, assim como o direito à livre navegação e ao livre comércio no Mar do Caribe e nos oceanos do mundo. Em consequência, procederá em estrito apego à Carta da ONU a exercer plenamente sua liberdade, jurisdição e soberania acima dessas ameaças belicistas", afirma o documento.
Segundo o texto, o país vai recorrer à ONU para denunciar o que chamou de "grave violação do Direito Internacional".
"A Venezuela jamais voltará a ser colônia de império algum ou de qualquer poder estrangeiro e continuará, junto ao seu povo, a trilhar o caminho da construção da prosperidade e da defesa irrestrita de nossa independência e soberania", continua o texto.
Trump: bloqueio total de petroleiros
Em uma rede social, Trump acusou os venezuelanos de roubarem petróleo e terras dos norte-americanos.
O post é mais um capítulo no aumento de tensões entre os dois países. Desde agosto, os Estados Unidos movimentam um forte aparato militar no Caribe. No início, a Casa Branca justificou a operação como parte do combate ao tráfico internacional de drogas.
Nesta terça-feira, Trump escreveu na Truth Social que a Venezuela está cercada “pela maior Armada já reunida na história da América do Sul”.
“Ela só vai aumentar, e o choque para eles será como nada que já tenham visto — até que devolvam aos Estados Unidos todo o petróleo, terras e outros bens que roubaram de nós.”
Trump também acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de usar petróleo para financiar o que chamou de “regime ilegítimo”, além de “terrorismo ligado a drogas, tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros”.
“Pelos roubos de nossos bens e por muitos outros motivos, incluindo terrorismo, contrabando de drogas e tráfico de pessoas, o regime venezuelano foi designado como uma ORGANIZAÇÃO TERRORISTA ESTRANGEIRA”, escreveu.
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Trump diz que Venezuela está completamente cercada — Foto: Reprodução
Com base nessas acusações, o presidente anunciou um bloqueio total e completo de todos os navios petroleiros que foram alvos de sanções e que entrarem ou saírem da Venezuela. Segundo o site Axios, 18 embarcações que foram punidas pelos EUA estão em águas venezuelanas no momento.
Em 2019, durante o primeiro mandato, Trump impôs várias sanções ao setor petrolífero da Venezuela como forma de pressionar o governo Maduro, o que reduziu as exportações de petróleo do país.
Mesmo com as restrições ainda em vigor, a Venezuela continua exportando cerca de 1 milhão de barris por dia. Segundo especialistas, o regime Maduro tem recorrido a “navios fantasmas” para escoar a produção.
Em tese, essas embarcações “zumbis” foram alvo de sanções, mas mudam de nome ou de bandeira com frequência para tentar escapar das punições. Algumas também se apropriam da identidade de navios que já foram enviados para desmanche.
De acordo com a empresa de inteligência financeira S&P Global, estima-se que 1 em cada 5 petroleiros no mundo seja usado para contrabandear petróleo de países sob sanções. Rússia e Irã também recorrem a estratégias semelhantes.
Navio petroleiro apreendido
EUA interceptam e apreendem navio petroleiro perto da costa da Venezuela
No dia 10 de dezembro, forças militares dos Estados Unidos interceptaram e apreenderam um navio petroleiro no Mar do Caribe, perto da costa da Venezuela.
Segundo a imprensa americana, o navio foi identificado como “Skipper”. A embarcação já havia sido alvo de sanções dos Estados Unidos em 2022, sob suspeita de contrabandear petróleo e favorecer grupos islâmicos no Oriente Médio.
De acordo com a BBC, o petroleiro navegava com bandeira da Guiana. Em comunicado divulgado na noite de quarta-feira, a Administração Marítima da Guiana afirmou que o Skipper estava “hasteando falsamente a bandeira da Guiana”, já que não está registrado no país.
Após a apreensão, Maduro classificou a ação dos Estados Unidos como “pirataria naval criminosa”. Segundo ele, o navio transportava 1,9 milhão de barris de petróleo.
“Sequestraram os tripulantes, roubaram o barco e inauguraram uma nova era, a era da pirataria naval criminosa no Caribe”, afirmou durante um ato presidencial em Caracas.
Um levantamento da agência Reuters, publicado três dias depois da operação, mostrou que a ação provocou uma queda brusca nas exportações da Venezuela, deixando cerca de 11 milhões de barris de petróleo e combustível retidos em águas venezuelanas.



















