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Minerais cobiçados

Encarregado da embaixada dos EUA diz que país tem interesse em minerais críticos do Brasil

Manifestação ocorre em meio à crise diplomática com os EUA. Brasil detém reservas estratégicas de minerais cobiçados pela indústria global e centrais na geopolítica.

Por Jéssica Valença, GloboNews — Brasília
Foto-O Be-a-bá- do Sertão
 
 
 

O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, afirmou nesta quinta-feira (24) que o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, voltou a manifestar o interesse do governo norte-americano nos minerais críticos e estratégicos (MCEs) do Brasil.

Segundo Jungmann — que foi ministro da Segurança no governo Michel Temer — Escobar citou o tema durante reunião com representantes do setor privado. O Ibram, que representa as principais mineradoras do país, é uma entidade privada e não tem poder de negociação institucional com governos estrangeiros.

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Jungmann destacou que o mesmo recado já havia sido transmitido por Escobar há cerca de três meses. 

“O encarregado de negócios da embaixada não falou isso, de ‘realizar acordos’ etc. O que ele falou é que os EUA tinham interesse nos MCEs — o que, aliás, ele já tinha nos falado há três meses”, disse.

De acordo com o presidente do Ibram, a posição do instituto foi reafirmada: “Dissemos então que a pauta de negociações era privativa do governo. E que nós pretendíamos negociar com o setor privado de lá.”

 

A conversa ocorre em meio à tensão diplomática provocada pela decisão dos Estados Unidos, sob liderança do ex-presidente Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados ao país. A medida entra em vigor em 1º de agosto. 

Escobar tem mantido conversas com autoridades brasileiras sobre o tarifaço. O governo Lula considera que a medida tem motivação política e representa uma forma de retaliação às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente ao julgamento de Jair Bolsonaro. 

O Brasil e os minérios estratégicos 

Pouco conhecida do grande público, a presença brasileira no mapa dos minerais estratégicos tem despertado cada vez mais atenção de governos e empresas ao redor do mundo. O país possui vastas reservas de recursos considerados cruciais para o futuro da economia global — entre eles, o nióbio, o lítio, o grafite, o cobre, o cobalto, o urânio e os chamados elementos terras raras. Esses minerais estão no centro das transformações tecnológicas e energéticas do século 21.

Do carro elétrico à energia solar, do celular ao míssil hipersônico, praticamente todas as grandes inovações da atualidade dependem de minerais críticos. E é justamente por isso que as maiores potências do mundo têm se movido para garantir acesso seguro e diversificado a essas matérias-primas. Com o avanço da chamada “transição energética” e a corrida tecnológica entre Estados Unidos e China, a pressão sobre essas cadeias de fornecimento só aumenta.

O Brasil é um dos poucos países com potencial para ocupar papel relevante nesse tabuleiro. Além das grandes reservas naturais, o país tem vantagens comparativas importantes, como matriz energética limpa, território estável, tradição mineradora e conhecimento técnico acumulado em instituições como o Serviço Geológico do Brasil e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). 

Entre os minerais mais cobiçados, destacam-se os elementos terras raras, usados em turbinas eólicas, carros elétricos, chips e sistemas de defesa. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil possui a segunda maior reserva conhecida desses elementos no planeta, atrás apenas da China — justamente a nação que hoje domina a cadeia global de produção e refino desses materiais.

Mas não se trata apenas de extração. O desafio brasileiro é transformar esse potencial mineral em desenvolvimento tecnológico e industrial. Para isso, será necessário investir em pesquisa, atrair parcerias estratégicas e desenvolver capacidades nacionais para refinar e agregar valor aos minérios aqui mesmo, antes de exportá-los. O governo brasileiro já começou a dar sinais nesse sentido, com incentivos à transformação mineral e parcerias com centros de pesquisa e inovação.

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