O consumo nos lares brasileiros avançou 2,79% em setembro de 2025 na comparação anual, segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O resultado confirma a resiliência do consumo doméstico, impulsionado pela melhora no mercado de trabalho, estabilidade dos preços e reforço da renda via programas sociais e benefícios governamentais.
Apesar da leve retração mensal de 0,94% em relação a agosto, influenciada por fatores sazonais, o acumulado de 2025 registra alta de 2,67%, dentro da meta de crescimento de 2,7% projetada pela Abras para o ano. O desempenho reforça o papel do consumo das famílias como principal motor da economia brasileira.
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Consumo nos lares: estabilidade de preços e renda impulsionam as compras
O aumento do consumo nos lares foi favorecido por uma combinação de fatores macroeconômicos positivos: inflação controlada, geração de empregos e expansão de benefícios sociais.
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego recuou para 5,6% no trimestre encerrado em agosto, o menor patamar desde 2012. Com mais brasileiros empregados e renda estável, as famílias voltaram a consumir com maior confiança.
Além disso, o Bolsa Família injetou R$ 12,96 bilhões em setembro, atendendo mais de 19 milhões de famílias, enquanto aposentados e pensionistas receberam R$ 2,5 bilhões em RPVs do INSS e R$ 1,038 bilhão em restituições residuais do Imposto de Renda. Esses recursos extras contribuíram para movimentar o comércio e reforçar o consumo corrente.
Perfil de consumo muda: produtos de preço médio ganham espaço
O levantamento da Abras mostra uma mudança no comportamento do consumidor. Produtos de preço médio ampliaram sua participação na cesta de compras de 46,3% para 55,2%, enquanto os itens de preço baixo recuaram de 51,6% para 42,4%.
Em segmentos específicos, houve avanço de produtos de maior valor agregado:
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Mercearia: participação de itens caros subiu de 14,4% para 17,4%;
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Perecíveis industrializados: aumento de 22,5% para 24,3%;
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Higiene e beleza: alta de 23,1% para 25,4%.
Essa migração reflete o aumento da confiança do consumidor e a recuperação do poder de compra, após anos de restrição orçamentária e inflação elevada.
Sazonalidade influencia o consumo de setembro
A leve queda mensal no consumo nos lares é explicada por efeitos sazonais, como a diferença no calendário entre agosto e setembro. o mês anterior teve um final de semana adicional e o Dia dos Pais, que impulsionou as vendas em 3%.
De acordo com o vice-presidente da Abras, o comportamento é típico do varejo alimentar e não altera a tendência de crescimento sustentado até o fim do ano. Com as datas sazonais de Black Friday, Natal e o pagamento do 13º salário, o setor projeta aceleração das vendas entre outubro e dezembro.
Cesta básica mais barata favorece o consumo nos lares
O Abrasmercado, indicador que acompanha 35 produtos essenciais, apontou uma queda de 0,64% em setembro, marcando a quarta redução consecutiva. O valor médio da cesta caiu de R$ 804,85 para R$ 799,70, o menor nível desde dezembro de 2024.
Entre os alimentos que mais contribuíram para o alívio do orçamento familiar estão:
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Arroz: –2,14% no mês e –20,85% no ano;
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Feijão: –0,63% no mês e –6,05% no ano;
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Tomate: –11,52%;
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Cebola: –10,16%;
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Batata: –8,55%.
O recuo dos preços, somado à inflação controlada, ampliou o poder de compra e sustentou o crescimento do consumo nos lares, mesmo em um cenário de cautela fiscal.
Proteínas e produtos industrializados também apresentaram queda
As proteínas animais tiveram redução expressiva nos preços, favorecendo o consumo das famílias. Ovos (-2,84%), frango congelado (-1,23%) e pernil (-0,99%) ficaram mais baratos, enquanto os cortes de carne bovina mantiveram estabilidade.
Nos produtos industrializados e de higiene, houve estabilidade, com leve alta em itens como xampu (0,48%), sabonete (0,52%) e papel higiênico (0,36%). A tendência de preços mais previsíveis tem sido decisiva para o equilíbrio do orçamento doméstico e a retomada do consumo no país.
Setor de supermercados mantém dinamismo
O setor supermercadista continua sendo um dos principais indicadores do consumo nos lares. Segundo o estudo da Alelo/Fipe, as transações em supermercados cresceram 6,7% entre agosto e setembro, acompanhadas por uma alta de 5% no valor total movimentado.
Na comparação anual, o número de operações subiu 2,3%, enquanto o faturamento total do setor aumentou 8,4% — reflexo do valor médio por transação, que cresceu 5,9%.
No acumulado de 2025, o número de transações avançou 3,0%, e o faturamento, 10,7%, confirmando a retomada do varejo alimentar.
Restaurantes voltam a crescer com melhora no emprego
O estudo também mostrou recuperação nas transações em restaurantes, com alta de 10,2% em setembro. Mesmo com queda de 5,3% no valor médio por operação, o volume total cresceu 4,4%, sustentado pelo aumento na frequência dos consumidores.
Em relação ao mesmo mês de 2024, houve alta de 10,1% no valor nominal das vendas, evidenciando o aquecimento do setor de serviços — um dos mais impactados pela pandemia e pelos anos de inflação alta.
O mercado de alimentação fora do lar é um termômetro importante da renda disponível. A melhora do emprego formal e a inflação desacelerada para 8,2% em 12 meses, segundo o IPCA, permitiram que mais brasileiros voltassem a consumir fora de casa.
Perspectivas positivas para o quarto trimestre
Os economistas projetam que o consumo nos lares continuará crescendo até dezembro, impulsionado por três fatores:
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Liberação do abono salarial PIS/Pasep, com R$ 1,5 bilhão destinados a 1,6 milhão de trabalhadores;
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Repasses do programa Gás do Povo, que somam R$ 3,57 bilhões para 17 milhões de famílias;
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Pagamento do 13º salário, que injetará mais de R$ 250 bilhões na economia até o final do ano.
Esses recursos adicionais devem manter o consumo em alta e fortalecer o PIB do último trimestre de 2025.
Inflação baixa e renda aquecida sustentam o cenário
O IPCA registrou queda de 0,4% nos preços da alimentação no domicílio em setembro, acumulando alta de 6% em 12 meses — o menor índice desde 2020. Essa desaceleração é crucial para o consumo nos lares, pois devolve previsibilidade às famílias e reduz a pressão sobre o custo de vida.
Combinada à estabilidade dos juros e ao crescimento do crédito pessoal e consignado, a economia doméstica encontra um ambiente favorável para expansão moderada e sustentável.
Consumo nos lares será motor do crescimento em 2026
O desempenho positivo do consumo nos lares reforça sua importância para o crescimento econômico de médio prazo. O consumo das famílias representa cerca de 63% do PIB brasileiro, e sua estabilidade é fundamental para sustentar o ritmo de recuperação em 2026.
Especialistas preveem que, mantida a inflação controlada e a taxa de desemprego baixa, o país poderá registrar avanço de 3% no consumo real no próximo ano, com destaque para supermercados, alimentação fora de casa e produtos de higiene e beleza.
Os dados da Abras e da Alelo/Fipe confirmam que o consumo nos lares segue em trajetória positiva, sustentando o crescimento econômico brasileiro em 2025. A combinação de inflação sob controle, melhora no emprego e reforço da renda via programas sociais cria um cenário de otimismo moderado para o último trimestre do ano.
Com a proximidade de datas comerciais estratégicas e o aquecimento do varejo, o setor de consumo se consolida como o principal motor da retomada econômica, indicando que o Brasil encerra 2025 em um ciclo de expansão sustentada.














