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Bioenergia

Brasil pode dobrar produção de biocombustíveis até 2050 sem precisar desmatar

Projeção do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) com apoio do Observatório do Clima aponta que que o país pode aproveitar parte dos quase 100 milhões de hectares de pastos degradados para ampliar o uso de bioenergia

Administração

 

Foto-Canal Rural Mato Grosso

O Brasil tem potencial para mais do que dobrar a produção e o consumo de biocombustíveis até 2050 sem avançar sobre áreas de floresta. 

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A projeção é de um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), elaborado com apoio do Observatório do Clima, que mostra que o país pode aproveitar parte dos quase 100 milhões de hectares de pastos degradados para ampliar o uso de bioenergia.

Segundo o documento, cerca de 56 milhões de hectares desses pastos degradados poderiam ser destinados à expansão da agricultura, incluindo a produção de biocombustíveis. 

O pesquisador Felipe Barcellos e Silva, um dos autores, explica que essa expansão é viável desde que siga critérios socioambientais e priorize cultivos mais eficientes. 

“Para isso, é necessário que haja uma aposta em cultivos de maior produtividade, como a macaúba, e o investimento em novas tecnologias, como o etanol de segunda geração”, afirma. 

???? ENTENDA: O etanol de segunda geração é feito dos restos da cana, como bagaço e palha, em vez do açúcar. Com isso, reduz a pegada de carbono e aproveita melhor os resíduos da produção.

Hoje, a bioenergia já representa um terço da matriz energética brasileira, e o país é o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis, atrás apenas dos Estados Unidos.

A cana-de-açúcar continua sendo a principal matéria-prima para o etanol, enquanto a soja domina a produção de biodiesel.

Em 2024, o país produziu 37,3 bilhões de litros de etanol, sendo 80% de cana e 20% de milho, e 9 bilhões de litros de biodiesel, 72% deles derivados do óleo de soja. 

Colheita de cana em Pradópolis (SP) — Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Colheita de cana em Pradópolis (SP) — Foto: Paulo Whitaker/Reuters 

No estudo, os pesquisadores destacam que o crescimento do setor é uma oportunidade de reduzir emissões e gerar renda, mas alertam que ele depende de um monitoramento rigoroso do uso da terra.

“A bioenergia tende, sim, a demandar uma quantidade relevante de terras”, diz Silva. 

“O país precisa ser rigoroso em políticas de monitoramento e regramento do uso do solo. A prioridade deve continuar sendo a produção de alimentos e a regeneração de áreas naturais, com os biocombustíveis ocupando apenas parte das áreas degradadas”, completa. 

Seis caminhos possíveis para 2050 

O estudo analisou ainda seis cenários de expansão até 2050, variando o tipo de matéria-prima e as rotas tecnológicas. 

Quatro deles são considerados sustentáveis e cabem dentro do limite de 56 milhões de hectares proposto pelo Observatório do Clima, com uso de 20 a 35 milhões de hectares adicionais.

Entre os cenários mais eficientes estão aqueles que priorizam cana-de-açúcar e macaúba, palmeira nativa brasileira com grande potencial de produtividade.

Segundo a Embrapa, a macaúba pode render até 4 mil quilos de óleo por hectare, cerca de dez vezes mais do que a soja, o que torna seu cultivo uma alternativa para ampliar a produção sem expandir significativamente o uso da terra. 

Já as projeções que mantêm a dependência do óleo de soja mostram-se insustentáveis, ainda segundo a análise do Iema: demandariam cerca de 97 milhões de hectares, quase o dobro da área de terras degradadas hoje disponível.

Mesmo quando combinada com o milho, a soja ainda exigiria uma ocupação próxima a 55 milhões de hectares, o que reduziria o espaço destinado à produção de alimentos e matérias-primas industriais.

E de acordo com o Iema, o consumo de biocombustíveis deve mais que dobrar até 2050, passando de 102 para 221 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep).

Junto a isso, a oferta de energia também tende a se diversificar, com destaque para o diesel verde e o SAF (Combustível Sustentável de Aviação), apostas para cortar emissões no transporte pesado e no setor aéreo.

Os dados se baseiam em um cenário de redução de 92% nas emissões de gases de efeito estufa até 2035, compatível com o Acordo de Paris e com a meta de desmatamento zero até 2030, ressalta o relatório.

 
 

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