Redação Terra
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A Academia Brasileira de Letras do Cárcere (ABLC) convocou, nesta quinta-feira, 24, uma manifestação em defesa dos cantores Oruam e MC Poze. O ato será realizado na segunda-feira, 28, em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, às 13h00. "Se não deixam a favela cantar, então é hora de ela mostrar ao mundo inteiro o seu grito de indignação", diz um trecho do comunicado, que também fala em lutar contra a "criminalização do funk".
O texto ainda aponta que esta não é a primeira vez que músicos do funk sofrem tentativa de silenciamento.
"Embora perverso, o truque não é novo. Em 2004, o Ministério Público indiciou mais de dez MCs pelos crimes de apologia e associação ao tráfico. Como acontece hoje, diversos artistas favelados foram censurados e ameaçados com a prisão, até que, em 2008, o processo foi encerrado. Em 2010, novamente, a polícia prendeu os MCs Frank, Smith, Ticão e Max pelos mesmos crimes — isto é, apologia e associação ao tráfico. Quinze dias depois, foram todos liberados. E isso por uma razão muito simples: segundo determina o artigo 220 da Constituição Federal, 'é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística'".
"Como se vê, o terror que a polícia, associada com setores do Judiciário e da mídia, tenta fazer sobre o caso do MC Oruam não é mais do que a repetida tentativa de silenciar as vozes da periferia [...] Cada um é livre para gostar ou não do funk, mas esse papo é sobre direitos, não é sobre gosto!", complementa a nota.
O que aconteceu com Oruam?
O rapper Oruam foi preso em flagrante na quarta-feira, 26, no Rio de Janeiro, por supostamente abrigar em sua casa um foragido da Justiça. O artista também era alvo de uma operação de busca e apreensão. Os policiais encontraram na mansão dele Yuri Pereira Gonçalves, que era procurado por organização criminosa.
A prisão de Oruam não tem relação com a outra prisão dele, na semana passada, quando foi detido por fazer manobras arriscadas com um carro na Barra da Tijuca. Na ocasião, ele pagou fiança, foi solto, e logo em seguida anunciou o lançamento de um novo álbum de músicas, chamado Liberdade.
Como Yuri estava na mansão, Oruam foi enquadrado por favorecimento pessoal, tendo ajudado alguém que cometeu um crime a escapar das autoridades.
Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, nome verdadeiro do artista, é filho de Marcinho VP, preso desde 1996. Os dois nunca conviveram fora da prisão. No corpo, ele tem uma tatuagem em homenagem ao pai.
Fonte: Redação Terra