Maria Luiza Valeriano
Terra
Foto-Agron
Nos últimos dias, o ator Caio Castro virou assunto nas redes sociais ao publicar um vídeo em que experimenta formigas. A cena inusitada chamou atenção e dividiu opiniões entre os curiosos. Mas afinal, é seguro comer formigas?
Embora o hábito de consumir insetos seja tradicional em algumas culturas, especialistas alertam que o consumo exige cuidados específicos, principalmente com relação à higiene, preparo e escolha da espécie.
Conforme a Dra. Yasminni Soares, gastroenterologista da Klini Saúde, para entender o que é mito, o que é verdade e quais os possíveis riscos de transformar formigas em petisco.
Comer formigas faz mal?
Segundo a médica, embora algumas espécies de formigas sejam tradicionalmente consumidas, o consumo inadequado pode trazer sérios problemas de saúde. "O consumo inadequado pode causar reações alérgicas, contaminações por bactérias ou parasitas, além de irritação gastrointestinal, especialmente se o inseto não for devidamente higienizado ou preparado", alerta.
Ela acrescenta ainda que determinadas espécies carregam substâncias que podem ser prejudiciais. "Algumas formigas possuem ácidos ou toxinas que podem ser irritantes para o trato digestivo".
Tradição e preparo adequado
Apesar dos riscos, comer formigas não é sinônimo de algo perigoso -- desde que feito com os cuidados necessários. Em países da Ásia, África e América Latina, o hábito é comum e envolve técnicas específicas de preparo.
"Um exemplo é a formiga saúva, ou formiga-cuíca, muito consumida em algumas regiões do Brasil, especialmente em festas tradicionais", conta a gastroenterologista. "Para torná-las seguras e palatáveis, é importante que sejam coletadas de forma higiênica, cozidas, tostadas ou fritas, o que reduz o risco de contaminação e melhora a digestibilidade".
Para além da curiosidade cultural, formigas podem ser vistas como um alimento funcional. Segundo Dra. Yasminni, os insetos possuem uma composição nutricional rica, com proteína, gorduras boas, vitaminas e minerais como ferro e zinco. "Dependendo da espécie, elas também oferecem antioxidantes e aminoácidos essenciais", explica.
Mitos ainda persistem
Apesar das evidências nutricionais e da tradição de consumo em diversas culturas, muitos mitos ainda cercam o tema. Um dos principais, segundo a especialista, é associar qualquer inseto à sujeira ou veneno. Quando coletados e preparados adequadamente, muitos insetos são seguros e nutritivos, aponta a especialista
Outro equívoco é o preconceito cultural, que associa o consumo de insetos à pobreza ou atraso. "Há um tabu cultural muito forte, que leva muitas pessoas a acreditarem que o consumo de insetos é algo primitivo ou exclusivo de regiões pobres, quando na verdade há um movimento crescente de interesse por esses alimentos até em países desenvolvidos, principalmente por razões ecológicas e nutricionais".
Fonte: Redação Terra