O que o tempo separa, o destino pode unir outra vez. Três décadas após o primeiro beijo adolescente e um namoro proibido, Claudinei e Elisângela voltaram a se encontrar no mesmo bairro onde a história de amor havia sido interrompida em Uberlândia.
Em nome do primeiro e grande amor, foi ela quem tomou a iniciativa de se aproximar do jovem de 19 anos. “Desde sempre achei ele bem bonito e só ia levar meu irmão na luta para poder ver ele”, contou em meio a risadas.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/E/k/fkYSnoSeATwTySAX4LVg/design-sem-nome-2025-06-10t154802.468.png)
Claudinei e Elisângela foram forçados a terminar o relacionamento porque a família estava preocupada com o quanto eles viviam juntos — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Do flerte tímido às trocas de olhares, o namoro logo se firmou. Morando em ruas paralelas, bastava Claudinei sair da academia para cruzar a rua da casa da amada. Em uma dessas passagens, aconteceu o primeiro beijo. “Eu achava ótimo quando ela falava comigo”, relembrou ele.
Desde então, o jovem casal se tornou inseparável. Em meio aos desfiles de Elisângela, que trabalhava como modelo, as aulas de judô de Claudinei e os passeios até a Escola Estadual Joaquim Saraiva, todo o tempo que passavam juntos não parecia o bastante.
Com castigo e ameaças, famílias eram contra o namoro
Apesar da paixão evidente entre os dois, a família de Elisângela logo começou a se preocupar com a intensidade do relacionamento. Ela despertou nos pais o temor de uma gravidez precoce, já que o namoro avançava rápido demais para a idade dela, como contou em entrevista ao g1.
Do lado de Claudinei, a pressão foi ainda maior. O pai chegou a prometer o carro dos sonhos como recompensa, caso ele terminasse o namoro. Mas, fiel ao sentimento que nutria por Elisângela, Claudinei resistiu e só cedeu quando as ameaças passaram a envolver a própria namorada, com a possibilidade de ela ser mandada embora para outra cidade.
“A mãe dela foi até minha casa para conversar com meus pais e pediu para que terminássemos. Meu pai chegou a me oferecer um Opala para que eu encerrasse o relacionamento e eu disse não. Depois, meu pai me fez ainda arrancar um pé de laranja na mão como castigo, lembro que elas ficaram na carne viva. Eu só terminei quando a mãe dela disse que ia mandar ela embora para morar com um tio.”
A separação foi dolorosa. “Eu só não chorei mais por falta de espaço”, confessou Claudinei. Para Elisângela, a ruptura causou um bloqueio emocional. Ela foi para os Estados Unidos, onde morou por sete anos.
Durante o período no exterior, casou-se, teve filhos e tentou seguir em frente, mesmo afirmando que nunca mais gostou de ninguém como amou o amor da adolescência. Enquanto isso, Claudinei também construiu uma vida. Casou-se, teve três filhas, mas nunca se esqueceu do primeiro amor, que foi forçado a romper.
O reencontro que mudou tudo
Trinta anos se passaram e o destino tratou de se organizar para protagonizar um encontro inesperado em março deste ano, que fez todo o sentimento vir à tona. Ele, feirante, com 50 anos. Ela, confeiteira, aos 45.
Ambrósio dirigia com a mãe pelo Bairro Santa Mônica quando cruzou com Claudinei na sua caminhonete. “Ele fez uma manobra e ficamos frente à frente. Eu sorri e, quando cheguei em casa, procurei ele nas redes sociais”, lembrou.
A conexão entre os dois foi imediata. No aniversário de Claudinei, Elisângela mandou uma mensagem à meia-noite e fez até um bolo temático especial para o feirante.
No dia seguinte, tomaram café juntos e, desde então, não se separaram mais. “Quando eu finalmente o vi pessoalmente, depois de todo esse tempo, a sensação foi exatamente a mesma da primeira vez. Fiquei com a perna bambinha”, disse a confeiteira.
Duas semanas depois do reencontro, já reataram o relacionamento e, em maio, já estavam noivos à espera do primeiro Dia dos Namorados juntos.
“Estamos piores que antes. Não nos desgrudamos mais”, brincou Claudinei.
Agora, além do relacionamento, o casal já compartilha planos com anseios de prosperidade. Eles abrirão juntos o “Empório do Dinei da Feira”, voltado para produtos da roça.
O 'felizes para sempre' da vida real
A mesma família que, no passado, foi responsável por separar o casal, hoje é testemunha e apoiadora do reencontro. A mãe de Elisângela, antes tão apreensiva, agora abençoa a união com palavras de aceitação e carinho.
“Ela até diz que acha que chegou a hora de ficarmos juntos”, contou Elisângela, emocionada.
Forte, independente e decidida, ela se entrega ao amor que esperou três décadas para florescer de novo.
“Eu acredito em alma gêmea, no nosso felizes para sempre. Nunca senti isso por mais ninguém. Nesse relacionamento, se precisar, estendo um tapete vermelho para ele".
Claudinei, com a simplicidade de quem vive um sonho real, resume tudo em poucas palavras, com a expectativa de marcarem logo a data do casamento: “ vivemos o extraordinário.”