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Falta muito para um jardim

Favelas brasileiras chamadas Israel se parecem mais com a Faixa de Gaza

Censo do IBGE lista favelas com Israel no nome. Conheça memórias históricas, desafios de infraestrutura e resistências

Terra 

Foto-CNDL

A favela Novo Israel, em Manaus (AM), concentra 75% de todos os moradores de comunidades brasileiras com o nome do país que está em guerra contra o Irã. No Amazonas, a presença de judeus é histórica, e referências aparecem na capital e no interior.

Na zona norte de Manaus, a favela Novo Israel tem 20.541 habitantes. Em Itacoatiara, a 250 quilômetros da capital, está Moisés Israel, nome que homenageia um descendente judeu famoso no estado, o empresário que, entre outras atividades, esteve envolvido na primeira refinaria de petróleo do Amazonas.

Judeus – especialmente marroquinos – chegaram à região amazônica no século 19, atraídos pelo comércio da borracha. Concentraram-se em Manaus e Belém, que possui a sinagoga mais antiga do Brasil. No interior, em Itacoatiara, o Cemitério Israelita foi tombado em 2016, com sepulturas do início do século passado. A cidade também teve um prefeito judeu. 

Comunidade Novo Israel começou a ser ocupada antes dos anos 1980, mas a infraestrutura ainda está sendo instalada, como energia elétrica.
Trabalhadores atraídos pela Zona Franca de Manaus passaram a ocupar um lixão na zona norte da capital ainda antes dos anos 1980, dando origem à Vila Israel. O nome mudou para Novo Israel em 1988, quando o bairro foi oficializado. O chorume – líquido resultante da decomposição – continuou sendo um dos problemas.

O descaso apareceu em vários momentos, como na Copa de 2014. Novo Israel é passagem obrigatória para quem vai à Arena da Amazônia, perto da Coca-Cola e do Aeroporto Internacional. Enquanto o estádio era inaugurado, a população reclamava de insegurança e outros problemas que ainda existem, como a falta de pavimentação e a demora no atendimento à saúde.

Entre as notícias boas recentes, em maio o DJ Wkilla levou seu Laboratório de Beats à comunidade. Ensinou técnicas de mixagem, scratch e criação de sets. Dois dias depois, o governo estadual inaugurou o Campo do Novo Israel, que segundo o morador Thiago Ferreira, “chegou em um ótimo momento”.

Comunidade remete ao povo judeu no Amazonas
A segunda maior cidade do Amazonas é Itacoatiara, a 250 quilômetros da capital. Foi fundada em 1760 e, entre os que a povoaram, estão judeus marroquinos. O Cemitério Israelita ou Cemitério Judaico, patrimônio histórico da cidade, tem sepulturas de mais de um século.

Na periferia, a comunidade Moisés Israel é o lado pobre dessa história, com 1.149 habitantes segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O nome é uma homenagem ao empresário Moisés Israel, que também batiza o campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) na cidade.

Moisés Israel ainda carece de infraestrutura básica. Quando uma parte da comunidade recebeu asfalto pela última vez, em 2022, a moradora Lídia Fernandes contou que “aqui era um lamaçal doido, era só mato. Em tempos de inverno, nós tínhamos que carregar as crianças até lá fora para ir para a escola”.

No mesmo ano, um homem foi assassinado com dez tiros, teve a cabeça decapitada e uma das mãos esmagada – evidência dos métodos brutais das facções criminosas que chegaram à região amazônica. 

Apesar do nome, falta muito para um jardim
Em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), 1.600 famílias ocuparam um imóvel em 2009. Até hoje, os moradores do Jardim Israelense lutam por direitos básicos, como água e energia elétrica. Segundo o IBGE, são 3.579 moradores.

A dificuldade de regularização fundiária, os problemas jurídicos com a dona do imóvel ocupado e a morosidade do poder público explicam os problemas crônicos. O processo de regularização fundaria começou em 2018 e ainda se arrasta. Não há entregas dos Correios, apesar de algumas empresas de comércio eletrônico atenderem a comunidade.

A presidente da Associação de Moradores dos bairros Arco-Íris e Jardim Israelense, Ariadne de Gois Alves, a “Cris”, diz que “infelizmente, sempre fomos esquecidos e sofremos com a falta de infraestrutura. Nossa gente é trabalhadora e quer apenas condições dignas para viver. A colocação de saibro é um avanço, mas seguimos na luta por água e energia regularizadas”.

Pequenas favelas chamadas Israel
Além das comunidades do Amazonas e do Paraná, existem mais três com Israel no nome, segundo o IBGE. Duas estão na capital do Piauí, e uma no interior de Minas Gerais. São favelas pequenas e, fora da região, não sabe delas nem por notícia de crime.

As favelas de Teresina são Vila Israel e Nova Israel, e no interior mineiro, em Sarzedo, está a comunidade como nome mais carinhoso: Vilinha de Israel Pinheiro. Veja abaixo a tabela com número de habitantes das sete favelas brasileiras com Israel no nome:        

Vila Israel, Teresina (PI): 229

Vilinha da Israel Pinheiro, Sarzedo (MG): 273

Vila Israel/Vale Verde/Fazendinha, Santos (SP): 528

Nova Israel, Teresina (PI): 619

Moisés Israel, Itacoatiara (AM): 1149

Jardim Israelense, Araucária (PR): 3579           

Novo Israel, Manaus (AM): 20541

Fonte: Visão do Corre

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