Israel anunciou que lançou ataques contra alvos do Hezbollah no sul do Líbano nesta quinta-feira (6) em resposta ao que descreveu como tentativas do grupo de reconstruir suas operações na região.
O porta-voz em árabe das Forças de Defesa de Israel, Avichay Adraee, emitiu alertas aos moradores de diversas aldeias da região antes dos ataques.
“Vocês estão em um prédio usado pelo Hezbollah. Para sua segurança, solicitamos que evacuem imediatamente para uma distância de pelo menos 500 metros do prédio. Permanecer nas proximidades dessas estruturas coloca suas vidas em perigo”, disse o porta-voz israelense.
Um acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA entre o Líbano e Israel entrou em vigor em novembro de 2024, pondo fim a mais de um ano de conflito entre Israel e o Hezbollah.
Os confrontos começaram quando o grupo militante libanês lançou ataques contra posições israelenses um dia após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, em um ato que o Hezbollah classificou como solidariedade.
Nos termos do acordo, Israel deveria cessar as operações ofensivas e retirar-se gradualmente das posições no sul do Líbano, enquanto o Hezbollah deveria retirar o armamento pesado para o norte do rio Litani.
No entanto, Israel continuou a atacar alvos no Líbano, alegando violações do cessar-fogo por parte do Hezbollah, acusações que o grupo nega.
O gabinete de segurança israelense deve se reunir na noite de quinta-feira (6), de acordo com dois oficiais israelenses.
Um dos oficiais disse à CNN que o Líbano estará entre os tópicos discutidos.
Os oficiais disseram que Israel vem alertando nas últimas semanas contra o que descreveram como "tentativas do Hezbollah de se rearmar e restabelecer suas capacidades ofensivas".
Na semana passada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convocou consultas de segurança com alguns ministros do gabinete para discutir as reações israelenses.
Ofensiva contra tentativas de rearmamento
De acordo com uma fonte israelense com conhecimento da discussão, os militares recomendaram o lançamento de uma operação em larga escala contra as supostas tentativas de rearme do Hezbollah.
O ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa'ar, também afirmou na semana passada que Israel "não pode se fazer de desentendido", enquanto o Hezbollah "continua a intensificar seus esforços para reconstruir e rearmar".
O presidente libanês, Joseph Aoun, foi notícia nos últimos dias após sugerir que seu país "não tinha outra escolha" senão negociar diretamente com Israel.
"O Líbano não tem outra escolha senão negociar, porque na política existem três campos de atuação: diplomacia, economia e guerra. Quando a guerra não leva a resultados, o que mais se pode fazer?", teria dito ele, segundo a mídia local, em uma declaração que muitos acreditam ser uma referência a Israel.
O Hezbollah acusou Israel de violar repetidamente o cessar-fogo firmado em novembro de 2024 e de "chantagear" o governo libanês para que reconheça Israel.
A ação militar de Israel ocorre dias depois de o enviado especial dos EUA, Tom Barack, ter dito que o Líbano era um “Estado falido” governado por “dinossauros”.
Barack expressou dúvidas sobre se as autoridades seriam capazes de desarmar o Hezbollah, que, segundo ele, possuía um arsenal muito maior do que as forças armadas libanesas.
“Na nossa opinião, não é razoável dizer ao Líbano: ‘Desarmem à força um dos seus partidos políticos’. Todos estão morrendo de medo de uma guerra civil. A questão é: o que vocês podem fazer para impedir que o Hezbollah utilize esses foguetes e mísseis?”, questionou.
