A busca por soluções para o déficit habitacional em Mato Grosso, principalmente a respeito da situação envolvendo os moradores da região do Contorno Leste, deve passar pelo diálogo entre poder público e população, e não por invasões ou confrontos. Essa foi a avaliação feita pelo presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), conselheiro Sérgio Ricardo, durante entrevista coletiva em Cuiabá. Ainda de acordo com ele '60%' de Cuiabá nasceu de invasão.
Ele destacou que a ocupação irregular do solo urbano é um fenômeno histórico na capital.
“Veja, 60% da cidade de Cuiabá nasceu de invasão. Por isso que nós temos tantas áreas em Cuiabá e Várzea Grande que não têm documentação. Aqui em Cuiabá, na própria Avenida Monte Líbano, saída para Chapada, toda aquela região, as pessoas não têm documento. Por quê? Tudo invasão. Eu comecei no jornalismo aqui há 40 anos, eu vi bairros que hoje têm casas milionárias que nasceram de uma invasão”, declarou o presidente.
Para Sérgio Ricardo, a saída está em soluções negociadas. “O que eu defendo é um entendimento para resolver o problema da falta de moradia. Não é invadindo, tomando”, reforçou. Ele acrescentou que a resolução passa por decisões políticas e deve evitar conflitos sociais.
O conselheiro também citou o caso da Santa Casa de Misericórdia, como exemplo de negociação possível. O terreno, inicialmente avaliado em R$ 70 milhões, teve redução no valor e pode ser adquirido pelo Estado ou município, hoje por algo em torno de R$ 20 - 25 milhões.
Essas falas do presidente do TCE, vão contra a declaração do governador Mauro Mendes (União Brasil), que afirmou que não irá beneficiar as pessoas que invadiram o terreno do Contorno Leste, é que será necessário um debate para entender qual será a solução para a os atuais moradores do local.
“Essa questão da falta de moradia é uma questão política. Eu tenho certeza que todo mundo vai querer resolver, e não vai ter guerra, não vai ter morte, não vai ter, porque e fácil de resolver a questão do Contorno Leste. Tem área? De quem é a área? É área pública? Então discute-se e coloque-se as pessoas para poderem se instalar. E aquilo que Estado e o município têm que combater é a falta de moradia”, finalizou o conselheiro.