O clima político entre o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), e o deputado estadual Eduardo Botelho (União Brasil), ex-presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), atingiu um novo nível de hostilidade nesta quarta-feira (3). O centro da disputa é a decisão de Abilio de desapropriar e regularizar a área invadida no Contorno Leste, um movimento que Botelho classifica como oportunista e eleitoreiro.
Os dois foram adversários nas eleições municipais de Cuiabá, na qual Abilio foi vitorioso, e voltaram a protagonizar um confronto acalorado. O embate começou com a declaração de Abilio sobre a "omissão generalizada" dos Poderes desde 2023, sugerindo que o apoio à invasão partiu de seus adversários políticos em ano eleitoral.
“Os envolvidos naquele processo de invasão eram o presidente da Assembleia Legislativa na época, Eduardo Botelho, Wilson Santos, o Barranco, outros deputados. Eles estavam envolvidos lá, dando apoio na véspera da eleição. Fizeram uma reunião lá, preocupado, talvez, com a eleição de 2024 para a Prefeitura de Cuiabá”, afirmou o prefeito.
Abilio alegou ter fotos e vídeos de deputados da ALMT prestando apoio no local, inclusive com a suspeita de apoio com poços artesianos.
A discussão pública avançou nesta quarta-feira (3), e em resposta, Botelho elevou o tom, acusando Abilio de hipocrisia e oportunismo eleitoreiro, visto que a decisão de regularizar a invasão contraria a ideologia de direita do prefeito.
“Quem joga em cima de voto chama-se Abilio. Esse faz tudo pelo voto. [...] Daqui uns dias se provar pra ele que 70% vai aprovar o casamento gay, ele vai aprovar casamento gay. Ele é assim. Ele não é nada, é egocêntrico, vai na onda”, disparou Botelho.
A provocação sobre oportunismo de Botelho levou Abilio a retrucar com um ataque de cunho pessoal e sobre a orientação sexual do deputado.
“Olha se ele tá esperando o casamento gay ser aprovado pra ele sair do armário e decidir casar com alguém, a decisão é dele, não precisa de um apoio meu pra isso. A liberdade é dele, se quer se redescobrir na vida”, afirmou Brunini.
Botelho finalizou a troca de hostilidades, aos risos, com a curta resposta: “Nunca tive essa vontade”.
NÃO É POR VOTO
O prefeito, lembrou que não disputa a eleição de 2024, e tentou justificar sua decisão de regularizar a área, distanciando-a de interesses eleitorais. Ele argumentou que a medida é socialmente necessária, mas para ele, politicamente negativa.
“Pouquíssimas dessas pessoas votam em mim, elas manifestam posicionamento mais à esquerda. O posicionamento que eu estou tendo vai me trazer muito mais desgaste dentro da minha base eleitoral do que trazer resultados. Mas independente de ganhar voto ou não, diante da situação que a gente está, eu não conseguiria usar a polícia militar como algoz após três anos de ocupação”.
