O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), afirmou nesta terça-feira (29) que a capital deve sentir os efeitos do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros. Em coletiva com a imprensa, ele também fez críticas diretas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): “Não há esforço do governo federal para reduzir barreiras de importação ou exportação”.
A medida norte-americana entra em vigor nesta sexta-feira (1º) e impõe tarifas de até 50% sobre itens brasileiros, afetando principalmente o setor de proteína animal. Embora o impacto direto atinja outros polos produtivos, Abilio alertou para reflexos indiretos em Cuiabá, por ser a capital de um estado com economia fortemente atrelada ao agronegócio.
“Cuiabá é sim a terra do agro. Embora não seja uma produtora forte, é a capital de um estado agroexportador. Sem o agro mato-grossense, nossa cidade seria uma das piores do país em termos econômicos. Todo esse dinheiro movimentado pelo setor é o que garante investimentos em áreas como educação, saúde e infraestrutura”, afirmou.
O prefeito destacou que grande parte dos recursos do município vem dos tributos gerados pela cadeia produtiva do campo, que movimenta o interior e sustenta serviços na capital. Ele também demonstrou preocupação com o efeito dominó em outros países, citando o caso da Venezuela, que chegou a impor tarifas de até 77% sobre produtos brasileiros.
Embora o país vizinho tenha recuado nesta segunda-feira (28), restaurando a isenção para importações com certificado de origem, o alerta permanece. “Estamos vendo uma escalada global contra o Brasil. Os Estados Unidos impõem 50% de taxação, a Venezuela chegou a 77%, e isso pode se espalhar para outros países. O Brasil vive hoje o pior momento nas suas relações comerciais internacionais”, criticou.
Por fim, Abilio reforçou que entraves às exportações de carne impactam diretamente a economia de Mato Grosso e atingem indiretamente municípios como Cuiabá. “A exportação de carne é um dos principais canais de entrada de recursos. Qualquer trava nisso representa menos dinheiro circulando, menos investimentos e menos empregos”, concluiu.
VENEZUELA RECUA
Na semana passada, exportadores brasileiros foram surpreendidos com a cobrança de tarifas de até 77% sobre produtos enviados à Venezuela. A medida, imposta pelo governo de Nicolás Maduro, provocou reação imediata do governo brasileiro e preocupação em estados como Roraima, que têm o país vizinho como principal destino de suas exportações.
Nesta segunda-feira (28), o governo venezuelano restabeleceu a isenção de tributos sobre produtos com certificado de origem, normalizando o comércio bilateral.