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RETROSPECTIVA 2025

Relembre caso da personal trainer assassinada a tiros por um PM em VG

A personal trainer foi morta dentro do próprio veículo quando se dirigia ao trabalho, em setembro de 2025

Conteúdo Hipernotícias
Da Redação

A morte da personal trainer Rozeli da Costa Souza Nunes chocou a Baixada Cuiabana em setembro de 2025. O caso se estendeu por cerca de um mês, desde o crime, passando pelas fases de investigação, prisão dos envolvidos e, por fim, o indiciamento dos suspeitos.

O crime ocorreu no dia 11 de setembro, uma quinta-feira, por volta das 6h20, no bairro Canelas, em Várzea Grande, quando Rozeli da Costa Souza Nunes, de 33 anos, foi assassinada a tiros dentro do próprio carro, enquanto seguia para o trabalho. Rozeli atuava como personal trainer e trabalhava em uma academia de ginástica.

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A partir do homicídio, tiveram início os trabalhos de investigação da Politec, com o objetivo de identificar o autor do crime e esclarecer a motivação. Rapidamente, o caso ganhou repercussão na mídia e nas redes sociais, onde passou a circular um vídeo que mostrava a personal já sem vida.

As investigações foram conduzidas pelo delegado Bruno Abreu, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá. Na análise preliminar, acreditava-se que Rozeli poderia ter sido vítima de uma facção criminosa, já que estaria recebendo ameaças. 

Durante as diligências, a polícia constatou, por meio de imagens de câmeras de segurança, que a personal foi morta por dois suspeitos em uma motocicleta sem placa. Foram efetuados cerca de cinco disparos, que atingiram a vítima e causaram sua morte ainda no local.

Dando continuidade às investigações, a Polícia Civil ouviu familiares da vítima e descartou a hipótese de feminicídio, uma vez que o marido de Rozeli estava em viagem no momento do crime e não tinha conhecimento do ocorrido.

AUTOR DO CRIME E MOTIVAÇÃO

Após três dias de investigações, a DHPP apontou que o crime estava ligado a um processo judicial movido por Rozeli contra o policial militar Raylton Mourão, em razão de um acidente de trânsito envolvendo o suspeito e a vítima. A audiência estava marcada e o processo envolvia um caminhão pertencente a uma empresa de distribuição de água vinculada a Raylton que, segundo as investigações, operava sem CNPJ.

Raylton Mourão passou a ser apontado como principal suspeito. Com a confirmação da suspeita, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra o militar e sua esposa, Aline Kounz.

Durante a ação, nenhum dos dois foi localizado. O PM não compareceu ao plantão e Aline deixou o local de trabalho às pressas após ser informada sobre o crime. Na residência do casal, os policiais encontraram apenas a arma funcional do militar.

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PRISÃO DECRETADA

Considerados foragidos, o Tribunal de Justiça decretou a prisão temporária do casal por 30 dias. Paralelamente, a Corregedoria da Polícia Militar instaurou procedimento administrativo para apurar o caso.

Passada uma semana do crime, e ainda sem localizar os suspeitos, a Polícia Civil divulgou imagens de Raylton Mourão e Aline Kounz, solicitando a colaboração da população para encontrá-los.

Segundo as investigações, em 15 de julho do mesmo ano, Rozeli havia ingressado com uma ação judicial por danos morais e materiais, no valor aproximado de R$ 24 mil, após o acidente envolvendo um caminhão-pipa da empresa Reizinho Água Potável, pertencente a Raylton e Aline. Em março, o caminhão teria invadido a via preferencial na Avenida Filinto Müller, provocando uma colisão na traseira do veículo de Rozeli. Tentativas de acordo foram frustradas e a audiência estava marcada justamente para a semana em que o homicídio ocorreu.

PRISÃO E CONFISSÃO

Dez dias após a morte de Rozeli, Raylton Mourão se entregou à polícia, no domingo (21/9), no 1º Batalhão da PM, na Avenida XV de Novembro, em Cuiabá, acompanhado de seu advogado, Marciano Xavier. Aline Kounz continuava foragida naquele momento.

O PM passou a noite sob custódia e, na manhã seguinte (22), prestou depoimento na DHPP, onde confessou a autoria do crime. Em entrevista coletiva, o advogado confirmou que Raylton admitiu ter efetuado os disparos, afirmando que estava na garupa da motocicleta, conforme registrado por câmeras de segurança. Ele também isentou a esposa de participação e declarou arrependimento, chegando a chorar.

O advogado destacou que não representava Aline e afirmou que ela não teve envolvimento no crime, alegando que teria fugido por desespero.

Em depoimento, Raylton também confessou a motivação do crime, relacionada à disputa judicial, e alegou fazer uso de medicamentos controlados, afirmando sofrer de síndrome do pânico e depressão. Diante disso, o juiz Pierro de Faria Mendes, da 1ª Vara Criminal de Várzea Grande, manteve a prisão durante a audiência de custódia e determinou acompanhamento médico.

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ESPOSA SE ENTREGA À POLÍCIA; PM ALEGA OUVIR VOZES

Na terça-feira (23), Aline Valando Kounz se apresentou às autoridades e prestou depoimento na DHPP, declarando-se inocente. Após o depoimento, o delegado Bruno Abreu concedeu entrevista coletiva e revelou que Raylton havia alegado estar sendo atormentado por pensamentos descritos como “um demônio na cabeça”.

O delegado, contudo, descartou essa versão e afirmou que houve premeditação, destacando que o PM passou dias pensando no crime.

Bruno Abreu também revelou a participação de um comparsa, responsável por pilotar a motocicleta utilizada na execução.

COMPARSA IDENTIFICADO E PRESO

O avanço das investigações levou à identificação e prisão de Vitor Hugo Oliveira da Silva, apontado como o piloto de fuga de Raylton Mourão. Ele era ex-funcionário da empresa do policial militar e conduziu a motocicleta usada para apoiar a execução e garantir a fuga.

A motocicleta foi apreendida na segunda-feira (29), em uma oficina de Rosário Oeste (a 104 quilômetros de Cuiabá). Segundo a polícia, o veículo foi utilizado para monitorar a rotina da vítima.

Vitor Hugo foi localizado quando seguia em direção a Cáceres (225 quilômetros de Cuiabá). Após ser preso, confessou participação no crime, alegando que teria sido enganado, mas depois afirmou que Raylton demonstrava convicção sobre a execução.

A Justiça manteve a prisão preventiva do comparsa, destacando a gravidade do crime.

PM E COMPARSA FORAM INDICIADOS

Após cerca de um mês de investigações, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o assassinato de Rozeli terminou com o indiciamento do policial militar Raylton Mourão e de seu comparsa, Vitor Hugo Oliveira da Silva, pelo crime de homicídio qualificado.

Desde os primeiros levantamentos, investigações passaram a tratar o caso como um crime planejado. Ao longo das apurações, a polícia reuniu confissões, cruzamento de horários, dados técnicos e imagens de câmeras de segurança, que permitiram reconstituir a dinâmica da execução e apontar, de forma consistente, a participação dos dois envolvidos.

No relatório final, encaminhado ao Ministério Público na sexta-feira (10 de outubro), a Polícia Civil concluiu que o homicídio foi premeditado, praticado por motivo fútil e com recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Segundo o delegado Bruno Abreu, responsável pelo inquérito, as provas reunidas deixaram claro o papel de cada investigado no crime.

“Ficou comprovada a autoria e a materialidade de ambos na morte da personal trainer”, afirmou o delegado ao comentar a conclusão das investigações.

Conforme o inquérito, Raylton Mourão foi o autor dos disparos que atingiram Rozeli. Já Vitor Hugo Oliveira da Silva foi indiciado como coautor, por conduzir a motocicleta utilizada na execução e dar suporte à fuga, atuação considerada essencial para a consumação do crime.

Durante o andamento das investigações, a Polícia Civil chegou a apurar a possível participação de familiares do policial militar. No entanto, com a conclusão do inquérito, o envolvimento da esposa e dos pais de Raylton Mourão foi descartado e eles foram formalmente excluídos do rol de investigados.

A apuração também confrimou a motivação do crime.  Com o indiciamento dos dois suspeitos, a Polícia Civil deu por encerrada a investigação, deixando o caso sob a responsabilidade do Ministério Público, que passou a analisar o relatório para a adoção das medidas judiciais cabíveis. 

O assassinato de Rozeli, que causou forte comoção em Várzea Grande, foi concluído pela polícia como um crime planejado, executado com apoio logístico e marcado pela frieza dos envolvidos.
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QUEM ERA ROZELI

Rozeli da Costa Souza Nunes tinha 33 anos, esposa e era mãe de dois filhos, de 12 e cinco anos, e atuava como personal trainer, profissão pela qual demonstrava profunda paixão. Conhecida pelo sorriso fácil, disciplina e dedicação, transformava os treinos em momentos de incentivo e cuidado.

Nas redes sociais, compartilhava o convívio com a família, amigos e a paixão pelo exercício físico. Colegas de academia lembraram que ela era atenciosa, educada e inspiradora.

Sua morte abalou familiares, amigos e colegas de profissão. As homenagens nas redes sociais refletiram o carinho e a admiração conquistados ao longo da vida. 

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