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Carol Neves-Correio
- Foto-G1-Globo.com
A enfermeira Clarissa Costa Gomes, de 31 anos, enviou uma mensagem de "SOS" para uma amiga momentos antes de ser assassinada a facadas pelo namorado, Matheus Anthony Queiroz, no dia 9 de julho, em Fortaleza. A amiga, que havia participado de uma reunião on-line de trabalho com Clarissa pouco antes, inicialmente interpretou o pedido como uma dúvida sobre o conteúdo discutido. Horas depois, descobriu que era um último apelo desesperado.
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O crime ocorreu na casa onde Clarissa morava com a mãe, no Bairro Jardim Cearense. Testemunhas relataram ter ouvido gritos de socorro por volta das 15h20, mas não conseguiram identificar a origem devido ao som abafado. Vizinhos também relataram pancadas, que, segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE), eram o agressor batendo a cabeça da vítima contra superfícies. Matheus utilizou uma faca da residência para desferir 34 golpes contra Clarissa. Após o crime, ele tomou banho, trocou de roupa e fugiu, deixando o portão aberto.
O MPCE denunciou Matheus por feminicídio qualificado, com aumento de pena por motivo torpe (não aceitar o término), meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Em depoimento, o acusado primeiro negou ter visto Clarissa no dia do crime e depois alegou não lembrar do ocorrido. Ele está preso preventivamente.
Relacionamento marcado por controle e violência
Clarissa e Matheus se conheceram na igreja e namoravam desde outubro de 2023, segundo reportagem do G1. Amigas relataram que ela vinha considerando o término nos últimos meses devido a episódios de ciúmes, grosseria e falta de comprometimento profissional dele. Matheus, técnico em gestão ambiental, estava desempregado e havia sido demitido de um trabalho arranjado por Clarissa após tratar mal clientes. Ele também perdeu um emprego em uma empresa de energia solar por faltas repetidas.
Em conversas com amigas, Clarissa revelou o desgaste do relacionamento. "Ele vive faltando... eu tenho que ficar buscando ele, aí eu fico brigando, me desgastando", disse em uma mensagem. Para evitar conflitos, ela chegou a tornar seu perfil nas redes sociais privado.
Quem era a vítima
Formada em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Clarissa trabalhava em dois hospitais públicos e estava prestes a assumir novos cargos em unidades de referência. Colegas a descreveram como "tranquila, acolhedora e extremamente competente". Um amigo destacou: "Era estudiosa, correta e muito pacata. Teve uma mãe presente que a amava em todas as etapas da vida".
O crime chocou quem convivia com a enfermeira. "Jamais imaginávamos que algo assim poderia acontecer com ela", disse uma colega de trabalho. O caso agora aguarda julgamento, enquanto familiares e amigos buscam justiça pela vida interrompida de Clarissa.