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PCC na Faria Lima

Empresário foragido tinha agenda com 70 policiais

Apontado como “epicentro” do esquema de fraude e lavagem de dinheiro com combustível, Mohamad Mourad já tinha escapado de operação em 2023

 

Metrópoles
Foto-Metrópoles
 

Um dos principais alvos da megaoperação deflagrada na semana passada contra um esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC), fintechs e fundos de investimentos da Faria Lima, o empresário Mohamad Mourad (foto em destaque) tinha uma vasta agenda com quase 70 contatos de policiais e fiscais e já escapou de outra operação há dois anos. 

Apontado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) como “epicentro das operações” fraudulentas, Mourad seria o verdadeiro proprietário da formuladora Copape e da distribuidora Aster, acusadas de sonegação de impostos e suspeitas de ligação com o PCC. Na última quinta-feira (28/8), ele era um dos alvos de mandados de prisão na Operação Tank, da Polícia Federal (PF), mas não foi localizado até agora — o nome dele foi incluído na lista de procurados da Interpol.

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Ao todo, oito dos 14 alvos da PF escaparam dos mandados de prisão, o que levantou a suspeita de vazamento de operação policial. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse que a suspeita será investigada. No caso de Mourad, está não foi a primeira vez que ele se livrou de uma operação, aparentemente por ter informações antecipadas sobre o cerco policial. 

Em março de 2023, quando foram alvos de busca e apreensão na Operação Cassiopeia, Mourad, sua esposa e Renato Steinle, seu braço direito, não foram encontrados por policiais. Mais tarde, a polícia não só descobriu que eles saíram em diferentes carros de suas residências como se comunicaram na madrugada, antes de os agentes chegarem para cumprir os mandados. Trocaram, inclusive, contato de advogados.

“A sequência de eventos revela a ocorrência de vazamento da Operação Cassiopeia, a reforçar a capacidade econômica da organização criminosa para corromper agentes públicos”, afirmou o MPSP.

O MPSP descobriu, ainda, que o tablet de Mourad tinha quase 70 contatos de policiais civis, além de policiais militares, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e de fiscais de renda. Há uma investigação em curso para saber se ele tem recebido informações privilegiadas a respeito de investigações da PF, da Receita e do MPSP.

Na operação de 2023, duas denúncias foram oferecidas contra Mourad, Renato Steinle e Roberto Augusto Leme da Silva, apelidado de Beto Louco, apontado como segundo líder na hierarquia da organização criminosa. Uma delas foi por um esquema de sonegação fiscal de R$ 1,1 bilhão para que a Copape e a Aster, que pertencem ao mesmo grupo, driblassem o pagamento de impostos. Em outra denúncia, o MPSP aponta a lavagem de R$ 52 milhões.

Segundo os investigadores, o dinheiro que alavancou a Copape e a Aster tem origem criminosa. Eles contam, nas peças de acusação, que Mourad passou a vida acumulando dezenas de postos de gasolina e a operá-los de maneira criminosa, usando “testas de ferro”. Ele tem uma condenação judicial por fraudes contra consumidores em postos de combustível. 

Em meio às investigações, a Copape teve a licença cassada pela ANP. Tentou entrar em recuperação judicial na Justiça de São Paulo, com um pedido embutido para suspender a decisão, mas perdeu nas duas empreitadas.

Elo com policiais e esquema de arapongagem

  • Sócio da Copape, Renato Steinle de Camargo é visto pelo MPSP como um “testa de ferro” na empresa. Seus donos, de fato, seriam Mohamad Hussein Mourad (foto em destaque) e Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como Beto Louco.
  • Foi no celular de Renato que policiais encontraram tratativas sobre a suposta arapongagem contra adversários em uma operação policial deflagrada em 2023. O Metrópoles teve acesso aos documentos.
  • Segundo o MPSP, eles contrataram um detetive particular chamado Renato de Almeida para monitorar Ricardo Mussa, que foi CEO da Raízen até 2024, e Antonio Ferreira Martins, vice-presidente jurídico da empresa.
  • Nas conversas, é mencionada a contratação de campanas feitas por policiais para levantar a rotina de Mussa e até mesmo o uso do guardião, ferramenta da polícia para grampear telefones de investigados.
  • De acordo com o MPSP, o investigador particular sugeriu aos empresários que fosse feita uma denúncia anônima para atingir a mulher do CEO da Raízen, que é juíza em Carapicuíba, na Grande São Paulo.
  • Eles aventaram, inclusive, a possibilidade de ligar para ela e questionar sobre suposta influência indevida em um processo judicial a favor da empresa.
  • Toda a trama teria custado R$ 25 mil e, segundo o investigador, envolveria até mesmo “contatos” no Ministério Público. Ele foi alvo de busca e apreensão após a identificação das mensagens.
  • O MPSP descobriu, ainda, que o tablet de Mohamad Mourad tinha quase 70 contatos de policiais civis, além de policiais militares, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da ANP e de fiscais de renda.
  • Há uma investigação em curso para saber se ele tem recebido informações privilegiadas a respeito de investigações da polícia e do MPSP.

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