Um ativista de extrema direita de Portugal, denunciado por ameaças de morte a uma jornalista brasileira, foi detido na terça-feira (21) em Vila Nova, na região Metropolitana de Porto, no norte do país, e teve sua prisão preventiva determinada pela Justiça após passar por sua primeira audiência nesta quinta-feira (23).
Bruno Silva, de 30 anos, que é um cidadão luso-brasileiro, foi denunciado à polícia e ao Ministério Público por Stefani Costa, correspondente do canal de notícias Opera Mundi em Portugal, em junho de 2024.
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Ativista de extrema direita em Portugal Bruno Silva é preso após ameaças de morte à jornalista brasileira Stefani Costa — Foto: X / Reprodução
Nesta quinta, Stefani comemorou na rede social X e ressaltou a importância da decisão judicial inédita no país:
"Notícia histórica: Bruno Silva continuará preso! É a primeira vez em Portugal que alguém indiciado por ameaças e discurso de ódio recebe essa medida. Agradeço o apoio e o carinho que tenho recebido de tanta gente boa. Jornalismo nunca foi para covardes".
Nas redes sociais, Bruno Silva se apresenta como um dos primeiros militantes do partido português Chega e faz postagens com apologia ao nazismo, à xenofobia - que é o preconceito contra estrangeiros - e com teor racista.
Em um dos posts, feito depois que um português que ofereceu 500 euros pela cabeça de cada brasileiro foi denunciado, ele promete dar um apartamento no centro de Lisboa a quem realizasse um massacre e exterminasse pelo menos 100 brasileiros em Portugal, além de um bônus adicional de 100 mil euros a quem matasse Stefani.
Agora, ele irá responder por discurso de ódio e incitamento à violência.
Ele chegou a retratá-la como macaca em dois episódios diferentes, dizendo coisas como "volta para a tua terra" e "as tuas raízes no Brasil não se apagam".
"O Bruno Silva foi detido. Minhas lágrimas neste momento são de alívio. Mais de um ano depois da minha primeira queixa na PJ contra ele. Hoje é um dia em que me sinto mais segura em Portugal, mas ainda há muitos mais que continuam impunes", escreveu Amanda na rede social X ao saber da detenção do perseguidor.
Após a prisão de Bruno, a Polícia Judiciária de Portugal confirmou que ele tem antecedentes policiais por crimes de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, e que “vastos elementos de prova relativos ao seu radicalismo ideológico” foram apreendidos nas buscas realizadas.
"Os crimes de ódio estão em pleno crescimento. Há uma grande difusão destas mensagens, designadamente contra mulheres. Perseguem-nas, perseguem pessoas de outras nacionalidades, de outros credos, de outras raças. Estamos a falar de crimes politicamente motivados e essa é uma das grandes preocupações, a par da violência que também decorre da difusão destas mensagens, muitas vezes assente na manipulação, nas fake news", afirmou o diretor da instituição, Luís Neves.
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Jornalista brasileira Amanda Lima, retratada como macaca, em montagem feita por ativista de extrema direita de Portugal — Foto: X / Reprodução
Um levantamento feito pela Casa do Brasil de Lisboa, divulgado recentemente pela agência de notícias Deutsche Welle, mostra que o discurso de ódio contra brasileiros vem crescendo em Portugal. E as redes sociais e a internet facilitam a disseminação dos ataques.
"Se em 2021 já era um problema, em 2024 nós percebemos que o discurso de ódio contra as pessoas migrantes aumentou, ficou mais violento, mais agressivo", frisa Ana Paula Costa, presidente da Casa do Brasil de Lisboa.
A coisa é tão séria que a Comissão Europeia pediu que Portugal adote medidas mais firmes contra o discurso de ódio online, que tem imigrantes como um dos principais alvos.
Isso num contexto de avanço da ultradireita em Portugal, com sua retórica anti-imigração, e em meio a uma sensação de que nas redes sociais o discurso de ódio não vai ser punido.
"Essa sensação de impunidade é um pouco proporcionada pela lógica das redes sociais, não é? Muitas pessoas, às vezes, quando tentam denunciar um conteúdo ou mensagem de ódio nas redes sociais não conseguem uma resposta célere", relata Ana Paula Costa.