Quarta-feira, 29 de Outubro de 2025
icon-weather
DÓLAR R$ 4,08 |

29 de Outubro de2025


Área Restrita

Notícias do Agro Terça-feira, 28 de Outubro de 2025, 09:50 - A | A

Terça-feira, 28 de Outubro de 2025, 09h:50 - A | A

Tilápia será proibida?

Entenda o impasse sobre inclusão da espécie em lista de invasoras

Ministério do Meio Ambiente diz que cultivo não será desautorizado, mas setor produtivo teme implicações da medida

Administração

Por 
Danton Boatini Júnior
Rafael Walendorff
 e 
Camila Souza Ramos
 — São Paulo e Brasília
Foto-Portal Hortolândia

 

 
 

A possibilidade da inclusão da tilápia na Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras, em análise pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), provocou uma avalanche de reações nos últimos dias. 

✅ Clique aqui para seguir o canal do CliqueF5 no WhatsApp

✅ Clique aqui para entrar no grupo de whatsapp 

A nova lista de espécies de animais e plantas que não são nativas do Brasil deverá ser votada em dezembro. Além da tilápia, principal espécie de peixe produzida e consumida no Brasil, a proposta inclui culturas como eucalipto, pinus, camarão vannamei e todas os tipos de braquiária usadas em pastagens no rol de espécies invasoras, segundo a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Em nota divulgada na semana passada, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) informou que a eventual inclusão da tilápia nesta lista não implicará em proibições de cultivo no país.

"O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), autarquia responsável pela autorização de cultivo de espécies exóticas na aquicultura, permite a criação da tilápia, de grande relevância econômica e cultivo amplamente consolidado no Brasil. Não há, portanto, qualquer proposta ou planejamento para interromper essa atividade", diz o texto do MMA.

 
Não há, portanto, qualquer proposta ou planejamento para interromper essa atividade.
— Ministério do Meio Ambiente, em nota

"É importante destacar que a inclusão de uma espécie na lista tem caráter técnico e preventivo, não implicando banimento, proibição de uso ou cultivo", explicou o ministério. Segundo a pasta, a eventual inclusão da tilápia na nova lista está sendo amplamente debatida "quanto à prevenção, detecção precoce e resposta rápida em caso de novas invasões biológicas". 

Setor produtivo teme impacto 

No entanto, a proposta recebeu críticas do setor produtivo. O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), afirma que a portaria do Ibama nº 145-N/1998, em seu artigo 7º, estabelece que "fica proibida a reintrodução de formas jovens de espécies de animais destinadas a engorda e posterior abate, bem como de macrófitas aquáticas de água doce em qualquer estágio de desenvolvimento". 

"Esse é o objetivo final: colocar a tilápia numa lista de espécies invasoras e exóticas para depois poder aplicar a instrução normativa e a portaria do Ibama para efetivamente proibir essa produção. É absurdo. É vexatório", criticou o parlamentar.

Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) afirma que a medida, "além de tecnicamente imprecisa, é economicamente desastrosa e juridicamente temerária, porque ignora a realidade das cadeias produtivas legalmente licenciadas".

 
Ainda que se alegue caráter 'técnico e preventivo' para a listagem proposta, sua adoção abre margem para insegurança regulatória
— Abipesca, em nota

"Ainda que se alegue caráter 'técnico e preventivo' para a listagem proposta, sua adoção abre margem para insegurança regulatória, efeitos em cascata sobre normas correlatas e retração imediata de crédito e investimentos, afetando milhares de empregos em todo o país e claro, impactando diretamente os preços desses alimentos", acrescenta o texto da entidade que representa o setor. 

Ministério da Pesca cobra informações 

Houve reação, inclusive, de dentro do governo. O Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA) pediu mais informações ao MMA sobre os impactos no licenciamento ambiental de atividades produtivas após a inclusão de espécies comerciais de pescados na lista.

Em nota divulgada no sábado (25/10), o MPA afirmou que as espécies incluídas na lista representam, juntas, cerca de 90% da produção da aquicultura brasileira, com um valor estimado em R$ 9,6 bilhões. 

O receio do MPA é que a inclusão dessas espécies na lista impeça o licenciamento ambiental das criações, já que não há legislação federal que permita o licenciamento de espécies exóticas invasoras, apenas de espécies detectadas nas regiões hidrográficas.

O MPA também convocou uma reunião extraordinária do Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca (Conape), órgão consultivo com representantes da sociedade civil, produtores e pesquisadores, para debater o tema. 

Composição do colegiado 

A Conabio reúne o MMA e outros 11 ministérios, além de autarquias e representantes dos setores produtivo da agricultura, pecuária e indústria, órgãos estaduais e municipais de meio ambiente, universidades e institutos de pesquisa, agricultura familiar, trabalhadores agroextrativistas, pescadores artesanais, povos indígenas e povos e comunidades tradicionais, organizações não governamentais ambientalistas e redes de juventude pela biodiversidade.

Segundo o governo federal, a Conabio é o órgão consultivo do MMA responsável por acompanhar e orientar a implementação de políticas nacionais de biodiversidade e seus instrumentos. Foi instituída pelo Decreto nº 4.703/2003 e atualizada pelo Decreto nº 12.017/2024.

PróximaS

Comente esta notícia

Rua Rondonópolis - Centro - 91 - Primavera do Leste - MT

(66) 3498-1615

[email protected]