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Retração

Desmatamento em queda puxou redução de 16,7% nas emissões do Brasil em 2024, diz relatório

É a maior retração nos índices de poluição climática do país desde 2009, informou o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG)

Administração

Por 
Danton Boatini Júnior — São Paulo-Globo Rural

 

 
 

A redução no desmatamento impulsionou uma queda de 16,7% nas emissões brutas de gases de efeito estufa do Brasil em 2024. É a maior retração nos índices de poluição climática do país desde 2009, e a segunda maior desde o início das medições, em 1990. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (3/11) e fazem parte da 13ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima.

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"A queda acompanha o desmatamento, porque é o maior vetor, mas os números também mostram que é apenas em desmatamento, e esse é o problema", afirmou o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, ressaltando que é necessário que outros setores também apresentem reduções para que o país consiga cumprir metas.

Segundo o levantamento, as emissões somaram 2,145 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e) no ano passado, abaixo dos 2,576 bilhões de 2023. O avanço é atribuído à retomada do controle de desmatamento pelo governo federal. A queda do desmatamento na Amazônia e no Cerrado provocou uma redução de 32,5%, a maior da história, nas emissões por mudança de uso da terra. As emissões brutas neste segmento, que abrange sobretudo o desmatamento, caíram de 1,341 GtCO2e para 906 GtCO2e no mesmo período.

Nos demais setores da economia, as emissões ficaram estáveis ou subiram: queda de 0,7% em agropecuária e altas de 0,8% em energia, 2,8% em processos industriais e 3,6% em resíduos. Com isso, mudança de uso da terra responde por 42% das emissões nacionais, enquanto que agropecuária por 29%, energia, 20%, resíduos, 5%, e processos industriais, 4%.

O levantamento considera que a pecuária é a atividade econômica que mais emite no Brasil, com 51% das emissões totais - tanto indiretamente, pelo desmatamento e uso de energia, quanto diretamente, pela fermentação do metano no rebanho bovino. A agricultura é a segunda colocada, com 19% do total. A agropecuária, incluindo o desmatamento, responde por dois terços das emissões do Brasil, o que já vinha sendo observado nas edições anteriores do SEEG.

 
A queda acompanha o desmatamento, porque é o maior vetor, mas os números também mostram que é apenas em desmatamento, e esse é o problema.
— Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima 

As emissões do setor agropecuário somaram 626 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (MtCO2e), ligeira queda de 0,7% em relação a 2023. A queda foi impactada pela redução de 0,2% no tamanho do rebanho bovino. Na agricultura, que responde por 31% das emissões do setor agropecuário, houve queda no uso de fertilizantes nitrogenados, de 3,8%, e na aplicação de calcário, em 3,3%. Com isso, segundo o relatório, as emissões por solos manejados recuaram de 187 milhões para 182 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

"O subsetor de queima de resíduos agrícolas, apesar de pouco impactante perante os demais setores, teve uma grande variação em relação a 2023, de 24,8%, muito relacionado e refletindo a queima que a gente viu em áreas com cana-de-açúcar", observou Priscila Alves, analista de clima do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).

Segundo Priscila, os dados mostram que há boas iniciativas públicas e privadas com o objetivo de buscar uma produção ambientalmente responsável. "O grande desafio é dar escala a elas e ter estratégias a fim de que a gente possa produzir com redução das emissões de gases de efeito estufa e acúmulo de carbono pelo solo", ressaltou. Na avaliação dela, a rastreabilidade obrigatória do rebanho bovino no Brasil, prevista para entrar em vigor em 2033, irá favorecer o combate ao desmatamento. 

Biocombustíveis em alta 

No setor de energia, as emissões tiveram uma pequena oscilação para cima de quase 1%. Os biocombustíveis impediram um aumento mais relevante nas emissões do segmento. O consumo energético de álcool atingiu o recorde histórico no ano passado, com 36 bilhões de litros, o que fez com que o transporte de passageiros apresentasse uma queda de emissões de 3%.

"O etanol hidratado cresceu, enquanto a gasolina automotiva diminuiu. Tivemos uma boa safra de cana-de-açúcar, o que tornou o preço do etanol mais competitivo. E cerca de 20% do etanol hoje já vem do milhoÉ uma política pública que vem sendo bem-sucedida, que é o incentivo aos biocombustíveis. A 'má notícia' é a continuidade da exportação de petróleo", afirmou Felipe Barcellos, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema). 

O setor que teve o maior aumento percentual de emissões em 2024 foi o de resíduos, que compreende o tratamento de lixo e esgotos. Apesar de responder por apenas 5% das emissões do Brasil, esse setor é um dos maiores emissores nas cidades. Em 2024, as emissões por resíduos subiram 3,6%, com 96 MtCO2e contra 92MtCO2e em 2023. 

Projeção abaixo da meta 

Apesar do desempenho registrado no ano passado, a equipe do SEEG projeta, a partir dos dados da economia brasileira em 2025, que o país ficará abaixo da meta de limitar suas emissões em 1,32 bilhão de toneladas líquidas até o fim deste ano. A estimativa aponta que o Brasil deve chegar ao fim deste ano com um volume 9% maior do que a meta estipulada pela NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) para 2025.

"A gente já sabia, mas agora está superevidente que o controle das emissões no Brasil não deve ficar mais só nas costas do controle do desmatamento. A gente precisa ter um aprimoramento nos outros setores também", resumiu David Tsai, gerente de projetos do Iema.

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